quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Liliputiano Extraterrestre

Quando conheci Bentobi, não me assustei. As feições de Bentobi eram de um homem pacato, pensativo, muito cuidadoso com as poucas palavras que pronunciava. Bentobi era como qualquer humano.

Fisicamente similar, mas com apenas 15 centimetros de estatura. Bentobi veio de uma das luas de Saturno. Uma lua repleta de água para uma nação de pescadores.
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Bentobi pescava em meu aquário. Utilizando um arp
ãozinho, fincava os bobalhões peixes Plati com muita facilidade. Usava uma rede feita com fio dental para pegar os Paulistinhas, que eram muito rápidos e ficavam na superficie. Gostava também de mergulhar para uma caçada submarina. Voltava com dois ou três peixes enfileirados no bastão. Sorrindo ofegante, os olhos brilhando pela emoção do mergulho. Certo dia, pegou mais de vinte Guarús e os organizou por proximidade de cor à beira do aquário.

Criei um pequeno dormitório selvagem na escrivaninha, para que Bentobi pudesse morar. Dentro de um cinzeiro ele acendia, todas as noites, uma reluzente fogueira. O cheiro de peixe assado tomava conta do escritório.

Certo dia, após muitas tentativas, Bentobi trouxe de dentro da pedra oca uma Molinésia Negra, puxada pela linda cauda de lira. Quando a assou, ofereceu-me a cabeça. Não pude recusar, era um sinal de orgulho pelo triunfo.
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Bentobi foi morto por um peixe Zebra Laranja. Não conseguiu escapar de um feroz ataque, piorado pelo tropeço no bau do tesouro, que eu mesmo havia posto um dia antes por sobre as pedras coloridas do morrinho central. O Zebra Laranja ficou indiferente ao pequeno cadáver flutuando irregular pelo aquário. Retirei-o com um coador de café e o Joguei no cesto de lixo.

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No dia seguinte, fui demitido.

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