domingo, 30 de junho de 2013

Pelos poderes...


No departamento de evolução da Mãe Natureza:



"Me diz uma coisa, Angico, qual a próxima evolução humana que temos programada?"

A planta consultou suas raízes e respondeu para a imensa samambaia que estava grudada num antigo Ipê Roxo.

"Bom, aqui temos. As pessoas nascerão sem os dentes do siso. Resultado refletor de uma dieta equilibrada, também símbolo de uma era vegan."

"Ah, pois, cancele isso. Dê o recado para os demais. Acabo de receber um relatório de que os sisos vão continuar"

A samambaia farfalhou suas folhas com grande surpresa.

"Oras, Angico, mas por quê?"

"As pessoas estão comendo carne pra caralho, então não vai rolar de cancelar um dente. Antes eram os grãos duros, agora mastigam até o osso. Vamos aumentar a mandíbula. Força total."

"Mas não tem nada pra tirar dos humanos?"

"Sim, claro, vamos tirar os mindinhos"

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Pode ler!


OS 05 MELHORES PIORES COMEÇOS DE LIVRO
05 - "Aquele homem era conhecido como Coração de Alcachofra." (Olá, túnel do amor - George Zerne)

04 - " Dobrei o papel do mesmo modo que Ishii havia me ensinado. Agora, após agoniante frustração, colocarei o origami de sapo na vagina de Késia." (Requintes alucinantes - Vilma Bottu)

03 - "Ladeira acima, subia o Rei Repolho desenrolando o preguiçoso Rocambole." (A verdadeira história de um padre - William Morju)

02 - "Perguntei a garçonete sobre o motivo pelo qual os carros de policia estavam cercando a lanchonete. Ela me olhou apavorada e neste momento um dos ladrões me acertou com a coronha do revólver" (Vim pelo seu convite - Ênio Copak)

01 - "Dancei uma lambada maluca ontem a noite. E é desse ponto que começo minha narrativa sobre todas as formigas que pisoteamos." (Camuflados - Zed Rufios)

Sazon


Irinelson foi em um hipermercado que afirmava ter tudo. Mas sua lista terminou incompleta.

A̶r̶r̶o̶z̶
F̶e̶i̶j̶ã̶o̶
Ó̶l̶e̶o̶
S̶a̶l̶
Amor
a̶ç̶u̶c̶a̶r̶
C̶a̶f̶é̶
c̶a̶r̶n̶e̶ ̶m̶o̶i̶d̶a̶
f̶a̶r̶i̶n̶h̶a̶
Bisnaguinha Seven Boys
f̶e̶r̶m̶e̶n̶t̶o̶
P̶a̶p̶e̶l̶ ̶H̶i̶g̶i̶e̶n̶i̶c̶o̶
S̶a̶b̶ã̶o̶ ̶e̶m̶ ̶p̶ó̶
D̶e̶t̶e̶r̶g̶e̶n̶t̶e̶

Que azar, Irinelson!

terça-feira, 25 de junho de 2013

1001 motivos para gostar de axé

1001 motivos para gostar de axé (Carlinho do Tetê - Editora Cimbalo)

0001- Todo mundo quer ver suas mãozinhas lá no alto!
...

0999 - É bem legal

1000 - Ae, ae, ae, ae Ei, ei, ei, ei Oô, oô, oô, oô, oô, oô

1001 - Todo mundo vai ficar de perna bamba, Eu nunca mais vou namorar em cochabamba

segunda-feira, 24 de junho de 2013

|O último a saber|



Das trinta pessoas em fila na gincana do colégio, eu era a trigésima e responsável por cantar alto a mensagem no microfone. As palavras do telefone sem fio chegaram assim ao meu ouvido:

"Esse é o zagueiro que chutou sua mãe nas montanhas do Peru."

Essa era a mensagem ridícula que definitivamente havia chegado distorcida. Os colegas atrás de mim estavam todos segurando o riso. Qual era a frase original que a professora havia dito ao primeiro? Agucei a mente, fui até a frente de todos e arrisquei uma nova formulação.

"Esse é o zagueiro que chupou a professora e enfiou o peru."

"ACERTOU!" - Anunciou a professora.  Safadona.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Viajando no tempo com:

Isqueiro

Após muitos testes comparativos, apenas os isqueiros transparentes vendidos em trens apresentaram relevância na manifestação atmosférica. Quem pode me julgar? Perdi apenas a ponta do dedo anular, compensado pelos 4.5 segundos à frente do tempo. Foto comparativa, antes e depois, via email:

pedrosa_maromba@bol.com.br

(Pedrosa Junior - Espírito Santo)


Manteiga de garrafa

Produção nacional. Tal combustível foi comprovadamente útil na criação de estímulos espaciais. A viscosidade tem aproveitamento de 100% com objetos eletrônicos. Esqueçam o pão e a panelada de frango. Comprem para estoque, junto com placas de monitores.

(Gino Bahia - da Lan House JTP, Bahia)

Caneta “Bic” com quatro cores

Artefato para escrita que vem sendo descontinuado pela população jovem, tem todo o potencial mecânico para construções resistentes a viagens temporais. Rosca em Z, grande carga de fluido, cheiro peculiar. Teóricos já debateram a exaustão a fórmula química das pigmentações. Este cilindro potencial sugere olhos atentos em sua fabricação e demanda.

(Caio Ponte Prado - Jundiaí, SP)

Apresuntado

O primo pobre do presunto tradicional é produzido com restritivas em seu conteúdo, dito como sendo de baixa caloria. Sabor saponáceo de aditivo desconhecido (pelo menos para mim). Um dos grandes comestíveis para alterações de tempo e espaço.

(Mafra M. - Apucarana, Paraná) 

Lambaris

São condutores de massa na passagem do tempo. Primo meu caiu no rio onde pescávamos e em poucos minutos desapareceu numa leva de Lambaris. São muito rápidos mesmo. Aguardo noticia do futuro com uma amistosa paciência. No dia de sua viajem, só lamentei ele não poder experimentar uma das muitas piranhas que pescamos.

(Francisco Fradinho - Zona Franca de Manaus)

Maionese

Em temperatura ambiente bastam dois dias para efeitos de distorção temporal. Possíveis futuros alternativos. Maionese pode ser um dos capacitores que não somente possibilitará viagem no tempo, como pode abrir dimensões. Aguardo boas novas em até dez anos.

(Dr. Ino Imamura - São Paulo, SP)

Terapia

Um terapeuta que faz terapia, paga a consulta oferecendo terapia para o terapeuta que o tratou na véspera. Um paradoxo de tempo cria o portal para o futuro do presente alternativo. Mas isto só ocorre ao lado do divã onde a pessoa se deitou. Uma viagem no tempo restrita, apenas para profissionais do setor. Uma pena.

(Dr. Mario Bardo - Araraquara)

*** sic***
.


“Talk show”

 
Jorge Gino Garcia

NA NOSSA MENTE



Vinheta moderna:


“ZuuuuuuuuuUUUUUUUUMMMMMM NA NOSSA MENTE”


O contra regra engatinha para frente do auditório e inflama as pessoas com uma salva de palmas:

clap clap clap clap clap

Jorge Gino Garcia descruza as pernas, sorri com todos os dentes e aperta de modo amigável o antebraço do entrevistado.

- Doutor Claus Silveirinha, quer dizer então que todas estas mensagens sobre viagem no tempo, chegam através do Twitter e por e-mail  de colaboradores entusiastas por todo o país? 

- Sim, como bem vimos. Muitas das dicas ainda carregam certo ar de deboche, obviamente inevitável. Por conta disso, separei apenas as que aqui foram reproduzidas, por serem exatamente os meus objetos de estudo mais promissores.

- Poderíamos realizar um experimento agora, no palco?

- Mas é claro!

Doutor Claus retirou do bolso de seu casaco duas raspadinhas de loteria. Entregou uma delas ao apresentador Jorge Gino, junto com uma moeda polida de um centavo.

- Esta, Gino, é uma das manobras com melhor avanço.

- Mas parece tão comum. Como é possível? Uma raspadinha da loteca?

- Exato! É a soma de diversos vetores. Nosso cérebro produz diferentes campos de força magnéticos no desenrolar de nossas emoções. A expectativa de receber uma recompensa ativa a fronte deste fabuloso órgão que emana zero ponto quatro joules em relação a sua densidade e a velocidade com que é produzida esta, digamos, aura.

- Mas qual é a relação, doutor, com a moeda de um centavo, por exemplo?

- Se rasparmos com uma moeda de um centavo, feita de aço inoxidável, em uma velocidade superior a da projeção mental, poderemos, segundo cálculos meus, viajar até vinte anos no tempo.

O apresentador descruza as pernas e firma os olhos na câmera 3.

- Vocês aí de casa. Os vejo em vinte anos.

Riu despojadamente e armou uma pose afetada para raspar a cartela.

- Podemos?

- Claro. É a primeira vez que coloco a teoria na pratica. 

Começaram a raspar freneticamente as raspadinhas. Jorge Gino ostenta um sorriso aberto e olhos arregalados na seqüência: bolinha, bolinha, bolinha.

Doutor Claus é pura concentração diante do resultado: quadrado, quadrado, quadrado.

- Meu Deus! Ganhei cinqüenta mil reais. Doutor? É premiada!

- Eu também, Gino. Ganhei um carro zero.

Jorge Gino se posiciona para a câmera quatro.

- Viajar no tempo? Talvez não desta vez. Uma dose cavalar de sorte? De ambos? Com certeza, meus amigos.

E a platéia explode em alegria. Diversos governantes sobem ao palco. Jornalistas caem no tablado como gafanhotos vorazes. Fotógrafos afundam o dedo no gatilho e milhares de flashs são disparados. Seguranças avançam um cordão de isolamento. Familiares do apresentador choram copiosamente.

- O quê? O quê?

O doutor desmaia na poltrona. O cartaz que as caravanas seguram, no que antes chamavam de estúdio de televisão, é uma visão muito bombástica.


Bem vindos ao ano de 2.031.

Viajantes do tempo.

Heróis!

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Mudando a paisagem

Desanimado, passo pela praça Charles Bauder a procura de um almoço razoável e um local que atenda as necessidades do meu dia-a-dia.

Pequenos círculos de grama, árvores de tronco largo, lírios do vento chacoalhando suas pontas finas, legiões de formigas enfileiradas carregando lascas de pão. No começo desta primavera florida, todas as aves cantam  boas-vindas à natureza. Natureza maranhada entre prédios de modernos, arrojados e imponentes. Mas nunca poderei alcança-los (os prédios), mesmo se retornar ao vigor da juventude.

Invade-me uma nostalgia. Recordo da infância ao redor de praças ainda maiores, sem entender o porquê de  ser levado para estes lugares, as vezes sozinho, as vezes em grupo, cheirando ao orvalho da manhã. Hoje, tudo é diferente, a paisagem me olha como uma brincalhona. Velhacos jogam uma partida de xadrez, mascando um lanche que insistem em me oferecer, como numa confraternização.

Tudo quase perfeito,  não fossem as pessoas que cruzam a praça em  ternos alinhados e vestidos ornados, correndo ao trabalho como, aos meus olhos, grandes manchas cinzas deturpando a harmonia. Homens e mulheres que me encaram com um olhar invejoso, raivoso.

Encostado na arvore, ao lado da passarela, recuo com medo destes cinzentos. Gente que blasfema contra mim! Meu espanto é enorme, pois nada fiz que não seja normal. Ninguém, além destas manchas cinzentas e apressadas, se incomoda com minha presença. Sou apenas mais um. Finjo indiferença enquanto mordo mais um pedaço do meu lanche de ameixas cedido aos tecos pelos velhos, este que me agulha em cólicas leves. (tenho intestino solto). 

M - Que horror! Nojo, nojo, ai ai...

H - Cagão maldito! Meu terno novo. Essa laia, emporcalhando a  passagem.

M - Ai! Que nojo...

H - Como vou pro serviço deste jeito?

M - E eu? E eu?

Que gentinha desajustada ! Não ficarei a ouvir tamanha calunia a meu respeito. E mesmo porque,  estou mal do estômago, péssimo. Acho que terei que passar depressa pela praça para, realmente, evitar um embaraço. Eu não vou aguentar.

"Ui"

O pipoqueiro também esta a me xingar. Oras, disfarço bem um peidinho, dois peidinhos. A expressão é das melhores. As crianças, elas correm e gritam até as suas mães. Onde está a bela harmonia? Onde está a brisa perfumada? O quê fizeram com o chão? Tudo vira uma tragédia. A praça cheira mal e as pessoas escorregam em algo sujo. Também quero sair.

"Ui"

Vou-me embora, vou voando de tão rápido.

"Ui"

Atrás de mim, os homens, as mulheres, os velhos, as crianças, à gritarem:

– Maldito! Pombo maldito!

– Pombo sujo! Seu, seu, seu  p o o o o m m m b o o o o o...

E eu, cada vez mais longe, cada vez mais longe.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Preste atenção nos fios do macarrão

Olavo Mariano amaldiçoou Ferreira de Tarso com tamanha fúria que lhe salpicaram gotículas de saliva por toda a mesa da taberna Alebeblê.

-... E espero que morra de engasgo com todo o grude insosso que tem me servido todos os dias. Paspalho!

Possesso, o aldeão empurrou a pequena mesa de madeira para frente e ergueu o corpanzil em direção a inexperiente servidora de aperitivos da floresta de Grumixama.

- E você, lagartixa? Por que ri? Desvairada do mato sirva-me Vespusiano Lara em copo de boca larga. Mas bote aí mais que meia dose. Já male-male eu posso suportar este tempero de cruz credo feito por Tarso. 


Um burburinho crescente flutuou até o ouvido do atarefado Ferreira de Tarso, que em sua cozinha pilhada de pratos e carnes, temperos e cereais, esforçadamente conseguia manter a pronta entrega de pratos fumegantes aos seus clientes. Bastou a voz rouca de Olavo Mariano acertar-lhe a aurícula para o mestre cuca largar meia pata de cabrito na pedra de corte e adentrar o salão obscuro da taberna.

- Muito bem, antão, que problemática vossa pessoa traz para minha aconchegante casa de comilança?

Olavo Mariano, general das tropas de Vovorovovo demonstrou grande satisfação por alcançar a atenção do proprietário gourmet, arqueando um sorriso aberto e de grandes dentes dentuços, contumazes moedores de novilhos.

- Teu prato do dia, vossa sapiência, é carregado de tempero, eu diria. Por acaso faz uso do mesmo sabor que deve impregnar teu sovaco para massagear as costelas do porco preto? Ou por ocasião armaste uma peneira de pentelhos e carunchos para coar tão rica variedade de molhos? 

Acostumado a atender ruminantes ingratos que viajavam encobertos por aquele trecho florestal de acesso pouco requisitado para o reinado de Vovorovovo; Ferreira de Tarso, num gesto muito usado como sutil ameaça, desdobrou as mangas de seu uniforme cor de creme encardido até a ponteira do cotovelo estar à mostra.

- Por acaso a estrada real lhe poderia ser de mais valia no gosto gustativo, bravo general.

- E não por isso, cozinheiro de mão amarela, exatamente este é o rumo que meus homens e eu tomaremos. Esteja certo que, tua cabana, taberna, seja lá como a chama, só fica intacta pela urgência que urge pela presença de meus bravos Touros (Soldados leais ao Rei Vovô Vinólio).

Proferido o alarmante discurso do enfezado, deu volta e meia para a saída, tilintando a espada na malha de aço, pisando áspero no chão de pedra. Seguiu-se então uma leva de vinte Touros que também lá haviam se deleitado com os pratos do dia, esvaziando a antes lotada taberna Aleblebê.

A inexperiente servidora de aperitivos da floresta de Grumixama, Moça Mariana Queteparta, a mais nova da família Queteparta, admiradas bruxas curandeiras, em seu primeiro emprego para conhecer a sociedade e todo o mais, notou de um pulo a falta das moedas de prata nas mesas recém abandonadas. Inclusive a raspa de cobre que lhe é de tão valia como gorjeta. Irritada, como se é de esperar de jovens em flor, sua face doce avermelhou-se inda mais e seus pezinhos bateram emburrados no barril de Vespusiano Lara. Pirraça que fez tremer o gourmet impávido.  

- Se me quebra um Vespusiano Lara de safra tão sublime como esta de oitenta e oito, lhe mando de volta para sua avó Senhorinha Mariluce. Não adianta bufar, Moça Mariana. O que seria dia de lucro acabou-se dia de desaforo. Reporei agora o estoque devorado, com valores que seriam um pouco de ti, um tantão pra mim, um tanto pra taberna. É o que se faz quando não estamos na Estrada Real.

E lá pela Estrada Real, riam de engasgar, de encher a bolsa com urina, os Touros e seu General. Gozavam da fortuna economizada à custa dos trejeitos executados por Olavo.

- E quando a marmota subiu seus panos para mostrar os bracinhos de pêlo eriçado? Mauá, Mauá, Mauá, Mauá!

- Ai que prazer, General!
Mauá, Mauá, Mauá! Já estava pelo colarinho de tamanha tristeza por ter que deixar uma raspa de cobre na gorjeta.

Um terceiro Touro enxugou as lagrimas do riso e emendou lá de trás:

- Flaviolouco, aquela queridinha que nos servia, tão bonitinha. Dar-lhe-ia com prazer uma raspa de cobre e uma raspa em seu tacho ajeitado. Reparas-te?


Mauá, Mauá, Mauá, Mauá, Mauá, Mauá, Mauá, Mauá...

E riram tanto que a marcha foi interrompida e assim, no afobamento, mais da metade do conjunto dirigiu-se a margem da estrada de cascalho para enfim libertar a bexiga com água de joelho, tal qual numa erupção iminente.

- General? General, que cheiro horrendo de putrefação. De onde parte?

- Mauá, Mauá! Parte de seu falo sujo, oh grosseirão. Mas é forte e insuportável. Pelos deuses, parte do meu também!

- Ah, General, meu gotejar faz borbulhas nas folhas de heliconia.

- Que dor horrorosa!  

Um a um, os Touros contorciam-se de dor. Tombaram na margem, sufocados pelo odor de vinagre e sangue. Olavo Mariano arrastou-se até poder tocar na rédea de seu cavalo. O quadrúpede relinchou de temor e afastou-se de lado, abandonando seu senhor e mestre, que logo ali derretia em sua própria urina.

Na taberna Aleblebê, Tarso caminhava por entre as mesas a contar os pratos e os restos de comida.

- Prôpala nos ajude! Tamanho rombo orçamentário. Amanhã tuas tias, Moça Mariana, virão aqui para o quebra jejum e nada lhes poderei servir. Por boa sorte ainda resta Vespusiano para acalentar o gelo matinal.

Moça Mariana meio que coçou a lateral da barriga e com um fio de voz falhada revelou sua arte:

- Meu senhor, peço-lhe perdão. Em nome de Prôpala, Morse e Utone. Ao primeiro reclamar do General, servi-lhe uma taça de Vespusiano; e seus Touros logo ergueram suas canecas e lhes servi também. Possessa com o destrato, servi a todos uma vez mais. E após, pouco antes do senhor ir dar com aquele bruto tratante, servi o restante.

Tarso suplicou em direção ao teto da taberna, palavras mudas, sem saber o que articular aos deuses. Um infortúnio de dia, uma má sorte ao pisar fora de sua cama. Apunhalado de todos os lados. Murcho como um saco velho de fécula abriu as mãos como um pedinte, impressionado com a diabrura de uma jovem tão delicada. A inexperiente servidora de aperitivos da floresta de Grumixama ainda não havia terminado a revelação.

- Mas, senhor Tarso, fiz o bem com o mal. A moeda foi paga de bom grado. Na segunda dose pude acrescentar Poeira de Vintém na bebida. Servi dançando abraçada ao barril para agitar a mistura. Um desvario que nós bruxas curandeiras podemos nos permitir ao menos uma vez na vida. Saiba que os matei por dentro e agora levarei toda uma vida para saldar as almas com curas por todo o vilarejo. Somos todas deste feitio, o equilíbrio entre o bem e o mal. 

- Minha filha, que mau agouro! Em morte, até mesmo antes, eles saberão que a mão fria lhes extirpou a partir de sua ultima estada em vida, e esta foi feita aqui! Não estou contente, saiba. Não aprovo! Estaremos à mercê da sua vingança, com uma nova vingança que virá daqueles homens! Que os deuses nos protejam.

Mais atolado em problema, o General Olavo capengou como um bêbado entre seus Touros trementes.

- Um guerreiro juramentado em nome da Majestade Vovô Vinólio, não será extinto por uma hipocrisia covarde e invisível. Olhem e escutem muito bem, já que não vejo destino outro senão o repouso eterno. Batalhemos uma última contenda. Vingaremos a vilanesca cilada. É claro que corre veneno em nossas veias. Mas de onde ele veio?

- Pegamos a peste na Taberna Aleblebê.

- É um fato que ninguém discutirá. Muito bem, Ovolonando.

- O maldito Tarso, senhor General. O maldito anteviu nosso calote e nos envenenou!

- Não, senhor General. Creio mesmo ter sido a gostosa que nos serviu o Vespusiano Lara.

- A bruxa!

-
UMA BRUXA?

- A bruxa, bruxa, bruxa da floresta.

- Maldição! Certamente, um conluio para nos derrubar.

- A bruxa e o cozinheiro.

- Nos serviu dançando!

- Agitando o barril.

- Misturando o veneno.

- Matando-nos por dentro!

- Pó de Vintém?


- Pó de Vintém! A bruxa!

- O cozinheiro!

- O tempero!

- O sovaco!

- Pen-te-lhos...

- Vin...

- ...gan...

- ...ça

- !
 
 
Um pouco, bem pouco, mais calmo, Ferreira de Tarso, gourmet e dono da Taberna Aleblebê, sentou-se com Moça Mariana para repassar os planejamentos que havia matutado.

- Enviei um coelho mensagem para a Vila de Vigoroso. Como sempre prestativos, já retornaram o animal com a oferta de mantimentos para nosso preparo. Chegará logo pela manhã de amanhã. Boa noticia; um tanto salgada no preço, mas ainda assim uma boa noticia. Também me preocupa a possibilidade do retorno do General Olavo Mariano...

- Ele está morto. Todos mortos, os Touros e o General. Pó de Vintém é mortífero.

- Mas tu sabes e eu sei e acho que qualquer ser vivo sabe que um espírito atraiçoado tem sua justa chance para carregar o executor consigo. Quem é o executor? Você? Não, doce menina, sou eu, você e qualquer um que aqui estiver. E sabe o que me deu na telha para fazer?

- Uma proteção?

- Uma múltipla proteção. Ajude-me a conjurar um feitiço. Guardaremos portas e janelas, mesas e cadeiras. Chaminé, armários, banheiro, fosso, nós mesmos. Tudo!

- Agora?

- Já. Sem demoras.

O galo cantou e juntou-se aos acordes da manhã, no vento noroeste, no eco do rio. A sombra da madrugada ia a cada segundo clareando-se do intenso negro ao violeta, ao azul escuro, ao azul claro. A marcha fúnebre e arrastada do batalhão de fantasmas esvaneceu-se a apenas alguns metros da Taberna Aleblebê. O último a ficar invisível foi o General que os liderava. Olavo Mariano apontou o dedo, tal qual uma bandeira hasteada, na direção de seu objetivo de morte. Em fúria, desapareceu.
- Parece tudo tão calmo lá fora!

- Feche a janela, garota. Não dê chances à moleza da sopa. Uma alma te agarra pelo pescoço e lá se vai umbral a dentro.

- Suavize sua tensão, cozinheiro. Dê o seu melhor, pois acabei de avistar minhas tias. Recepcione com boa comida a família Queteparta.

- Espere! A porta. Certeza que está bem protegida?

- Com o conjuro da “Minha Mãe Mortinha” até mesmo se arrancassem a porta, pela soleira nem o demônio ousaria entrar.

- Veja lá, antão.

Numa marola de dimensão paralela, os Touros observavam a primeira movimentação na frente da taberna. Mal acostumados com a vaporização de seus corpos, flutuavam a um palmo do chão, trespassando uns aos outros, descobrindo novas sensações de segurar uma pedra ou uma folha.

- Tem posições que posso ver minha mão a segurar esta pedra, mas se pisco, perco de vista minha própria pele cinzenta. Engraçado! Mauá, Mauá, Mauá!

- Cala a boca fantasma do abismo. Aquela velha de bengala está olhando em nossa direção. Largue a maldita pedra!

- Sim senhor, General.


A velha de bengala, Madame Brunela Queteparta, cutucou Esposa Ravenala e apontou na direção dos fantasmagóricos.

- Viu uma pedra danada flutuando?

- Vejo cada coisa quando estou com fome!

- Sentiu que nessa porta conjuraram “Minha Mãe Mortinha”?

- Sinto cada coisa quando estou com fome!

- Antão tá bom! Mas há de ter algo de esquisito pela aí.  
A inexperiente servidora de aperitivos da floresta de Grumixama recebeu com grande alegria e festejo sua família para o quebra jejum. Acomodou em uma única e grande tabula as sete avós que lá estavam famintas.

- Que saudades, sua linda.

- Sua linda, saudades.

- Linda, saudades sua.

- Que linda!

- Saudades!

- Linda!

- Quê?

Encantada por poder mostrar serviço útil às suas queridas avós, Moça Mariana abraçou a cada uma delas.

- E o que de tão bom vamos papar nesta manhã?

- Um momento, doce avó, um momento, minhas amigas. Vou ter com o grande Ferreira de Tarso na cozinha e já de pronto servirei estas lascas de pão preto e azeite.

- Faz muito bem, sua linda. Vá lá, vá.

Uma densa bruma avizinhou à volta da taberna e no alto desta bruma as cabeças do além flutuavam rente a porta.

- Por que não entra? Invada e bote abaixo, General.

- Não consigo! Pareço estancado, amarrado na maior das ancoras. Há algo de magia. Flaviolouco tente entrar pela janela.


O corpo do fantasma colou-se na janela e sua perna parou num arco de violetas. 
- Tampouco eu consigo entrar. Parece um muro de tijolos. Mas não tem nada, exceto as violetas.

- Eles conjuraram um feitiço de proteção.

- Sim. Tem razão.


- Os malditos!

- O cozinheiro!

- A bruxa!

- O sovaco!

A bruma moveu-se para a porta dos fundos. A porta da cozinha.

- Elas gostaram do pão preto, Moça Mariana? Foi também uma receita de minha avó. De avó para avós.

- Que demora a entrega dos mantimentos...

- Ouça, batem a porta. Atenda logo.

Enquanto três calvos senhores suportavam enormes caixas com uma sorte variada de guloseimas, Moça Mariana desarrolhou o tranco da porta da cozinha. Neste tempo, um dos Touros avançou de ombro para a fechadura.

- Vejam só! Sumiu o corajoso. Conseguiu entrar, ele...

- Estou aqui atrás, Ovolonando.

- Mas...

- Também não sei. Avancei na entrada e aqui estou.

- Podemos possuir um destes entregadores?

- Podemos fazer melhor. Pois talvez os entregadores não sejam convidados a entrar.

- Ué, dizemos que estamos com fome.

- Mas podemos possuir em grupo? São somente três homens e pequenos homens.

- Vamos fazer uma coisa mais invasiva.
Mauá, Mauá, Mauá, Mauá

Moça Mariana retesou os músculos do antebraço e com esforço deitou as caixas sobre a pia. Pagou oito moedas de prata aos três entregadores e fechou a porta. 
- Faça algo rapidinho, meu senhor. Minhas avós já começam a querer jogar magias na taberna para lhe apressar.

- Como anda minha sorte, é capaz mesmo delas destruírem o local. Já havia pensado em algo rápido. A água está a ferver e agora vou mergulhar este delicioso macarrão.

Cansado da maratona emocional que as últimas vinte e quatro horas lhe entregaram, o gourmet avançou no pacote de pasta, mas o caixote começou a se mover. Tarso praguejou por mais uma leva de ratos que possivelmente lhe haviam entregado junto aos alimentos. Chutou a caixa e agarrou apressado um feixe generoso de palitos finos compostos por ovos, farinha e anis.

- Maravilha na panela. Maravilha de refeição. Meu ganha-pão, macarrão, macarrão.

Afogou a massa na água borbulhante, chutou o caixote mais uma vez e retirou uma dúzia de tomates vermelhos.

- Molho saboroso, macarrão, macarrão.

As vovós, ansiosas com o aroma de ervas que preencheu o local, brindaram a bonança que estava por vir com a cristalina água feroz, recolhida em potes de mel nas madrugadas mais frias.

- Coma conosco garota. Hoje teu chefe mestre cuca vai te permitir esta graça. Afinal, somos nós que proveremos a féria.

- Muito eu concordo, Senhorinha Mariluce.

Dito e feito surgiu Ferreira de Tarso segurando um tacho enorme e fumegante. Pousou no centro da mesa o emaranhado brilhante de molho e massa.

- Boa fartura a todas.

Ao contrario da aparente lentidão que as velhinhas carregavam, seus garfos eram ágeis e ávidos. Enrolando-se como cobras matreiras nos fios tenros. As bocas miúdas sopravam e sopravam aquela quentura apetitosa.  
- Provem e me dêem um elogio generoso.

- Provaria sim, mas gostaria de saber o que são estas porcarias penduradas no macarrão.

O cozinheiro quase em colapso aproximou seu nariz do tacho de macarrão.

- Mas qual o motivo do insulto?

- Veja lá, cozinheiro. Nenhuma de nós vai comer.

Todas as avós baixaram o garfo cheio no tacho. Inclusive Moça Mariana que já estava a meio caminho da língua.

- Preste atenção nos fios do macarrão!

/////////////////////

Os Touros e o General Olavo Mariano escalavam os fios da massa, em formas diminutas, tal qual pedaços pequeninos de giz branco. Seguidos de perto por uma bruma que fazia às vezes de vapor.

- Preste atenção, eles praguejam. Mas que tipo de fantasma faz a comida de reduto?

- É o General que assassinei! E todos os seus soldados!

- Moça Mariana Queteparta, era assunto selado que nada de magia faria fora de nossa morada.

Assim, sem saída na situação, a garota contou a história em termos detalhados. Ao passo que Ferreira de Tarso volteava sua massa com o garfo de um lado ao outro, com temor e curiosidade.

- Mas é incrível. Ao mesmo tempo em que parece apetitoso, é repulsivo. Talvez exótico. Qual o sabor de um bom fantasma?

Ninguém ainda havia provado um fantasma. Mas o quebra jejum estava difícil de ser devidamente aproveitado. Pensaram em conjunto, o que pensava um fantasma para atrelar-se na comida?

- Pois é esta a receita que todo cozinheiro busca. $$$$$

- O quê todo cozinheiro busca?

- Um novo sabor.

- Tão caprichoso.

- Até parecem gostosos.

- Lembra algodão doce. : )

- Podem engordar!

- Podem matar! _ _

- Estão tão coladinhos...

-... aos fios de macarrão!  
 
 
Os fantasmas tinham um gosto peculiar, um gosto de não sei o quê. Naquela manhã, Olavo e os Touros foram degustados. O umbral é um lugar estranho quando se está dentro de um estômago. Era o pensamento que ecoava na cabeça daquele  agrupamento infeliz de almas penadas. almas penadas. almas penadas.




É peperoni?


segunda-feira, 10 de junho de 2013

O que é suspeito?




Suspeito é um buraco na rua, na frente do borracheiro.

Suspeito é um buraco na rua, na frente do borracheiro, cheio de pregos.

Suspeito é um buraco na rua, na frente do borracheiro, cheio de pregos e cacos de vidro.

Suspeito é um buraco na rua, na frente do borracheiro, cheio de pregos e cacos de vidro e com o poste de iluminação queimado.

Suspeito é um buraco na rua, na frente do borracheiro, cheio de pregos, cacos de vidro, com o poste de iluminação queimado e o atendimento passar a ser 24 horas.

Suspeito é um buraco na rua, na frente do borracheiro, cheio de pregos, cacos de vidro, com o poste de iluminação queimado, o atendimento passar a ser 24 horas, a prefeitura arrumar o buraco e na madrugada ouvirmos o barulho de uma britadeira.

Suspeito é o buraco ter voltado.

O borracheiro >

¯\_(シ)_/¯

O buraco >

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sexta-feira, 7 de junho de 2013

Porcoso, faminto e perigoso

Gritava a ouriçada cozinheira do Sargento Marcos Gimenez:

- Lhe parto, cabeça de alho!

E balançava aos ares a grande faca afiada.

- Lhe furo, cebola nojenta.

E estocava o ar com a grande faca afiada

- Arranco suas quatro orelhas, pentelho!

“cataploft”

Foi ao chão a cozinheira com seus peitos enormes balouçando. Já fora do limite do quintal da propriedade, corria em velocidade o garoto de duas cabeças. Carregava em seus braços finos uma panela cheia de sopa. Fumegava ao longe, cada vez mais rarefeita a fumaça, por entre o mato mais alto.

- Dona Deusdina, que balburdia é essa? – Indagou Aroldo, o mordomo da família Gimenez.

A mulher rolou para o lado e pôs-se a erguer todo o corpanzil. Fez figa com ambas as mãos e revelou seu caso:

- É coisa do filho do patrão, o Bruninho. Essa peste entrou na cozinha e disse logo que a lavagem tava pronta.

Aroldo coçou sua costeleta pequena, olhando profundamente nos olhos da cozinheira.

- Dona Deusdina, faça um bocado de esforço para não implicar com o filho do patrão. Toda essa farra por causa de uma brincadeira? O menino come todo dia sua comida.

Dona Deusdina passou resvalando os peitos no ombro de Aroldo, com tamanha força e brabeza que o desequilibrou momentaneamente. Antes de entrar na cozinha ela disse de voz firme e bem dita:

- O caso é que quando falou que a comida era lavagem, apareceu o Porcoso.

Aroldo franziu o rosto e seus olhos ficaram pequeninos. Coçou sua pequena costeleta e disse:

- Apareceu quem, mulher?

- Porcoso, Deus me livre. Irmão do Curupira. Veio fugido lá do norte. Uma criatura muito perigosa. Vive ai no meio do mato, tratando com seus amigos porcos. Nasceu com duas cabeças, uma virada pra frente que nem a gente e outra virada pra trás. É ligeiro que só vendo. Sujo que nem um chiqueiro. Aparece quando tem comida feita na hora e rouba ela quando alguém a chama de lavagem. Tão magro que parece cachorro de rua.

- Uai. Diga lá uma coisa. Você acredita nessa crendice amalucada? Onde já se viu inventar tal figura?

- Mais ô homem, se não quiser acreditar, não acredite. Fui eu que passei a encrenca. Agora me deixa que vou descascar batata. Sai daqui que o almoço tá atrasado.

O mordomo Aroldo mordeu um talo de salsão e deixou a cozinha com meio sorriso no rosto.

Bruno saiu debaixo do balcão e sentou de um pulo na pia.

- Tia Dina, eu vi o Porcoso também.

- Pois é menino. Você o viu roubando nosso almoço. Já tinha lhe contado dele e que não se deve chamar comida de lavagem. Isso é muita falta de educação.

- Mas tia, eu duvidava.

- Duvidava é? Afasta essa bunda da pia que eu vou partir a galinha.

- A Silvana vai querer ver.

- Ah, mas não vai ver. Deixa aquele bicho asqueroso bem longe daqui. Sua irmã vai bem querer tirar uma foto.

Bruno saiu correndo, rindo com muita empolgação.

Dona Deusdina aprontou uma mesa suculenta, repleta de delicias. Um estufado frango decorava o centro, com a pele dourada e suada, escorrendo um caldo perfumado nas batatas cozidas. O cesto de pães frescos, tostados e crocantes, chegava a estalar com o calor. O macarrão aguardava o repouso do molho de tomates com manjericão. A cozinheira sorria e entornava o espesso vermelho na massa quentinha.

- Agora sim, está pronta a lavagem. – Ressoou alto a voz de menino.

Caiu metade do molho no chão. E depois de um berro de raiva, Tia Dina agarrou uma colher de pau, muito grande.

- Seu menino arisco, sem respeito, mal educado. Agora vou te ensinar uma lição.

A cozinheira não viu a irmã do Bruno, mas ouviu sua voz alegre encher o ar com perguntas.

- E ai Bruninho, cadê o tal Porcoso? Cadê ele? Quero ver também. Você estava caçoando da Dina?

A indignada Dona Deusdina segurou a colher de pau com ambas as mãos e repreendeu a garota.

- Croma Silvana Gimenez, você encoraja seu irmão pequeno a ofender as pessoas. Será que seus quinze anos não te trouxeram juízo na cabeça? Dê-me uma boa desculpa pra não chamar o senhor seu pai até aqui.

Bruno afundou a cabeça na borda do vestido da irmã e ela tremeu tanto que derrubou a sua câmera fotográfica.

O garoto gritou, abafado no vestido:

- É o bicho porco do mal!

A cozinheira virou-se no puro instinto e deu com a colher de pau na cabeça dura do ser franzino e imundo em sua frente. A cabeça virada para as costas do Porcoso foi a que gritou da pancada. A cabeça virada pra frente só olhava para o frango quente em suas mãos. Assustada, Dona Deusdina virou-se para as crianças e largou o braço para trás novamente, na tentativa de acertar a horrenda criatura.

- Some daqui bicho asqueroso, fedido, malvado.

A colher de pau passou direto pelo vácuo e acertou a cesta de pães. Croma Silvana interveio:

- Ele saiu correndo. Vamos pegar essa coisa.

- Não, não irmã. Vou chamar o Tio Queijinho pra dar um tiro nisso.

- Ai Bruno, me solta. Nem foto eu bati.

E nessa fração de tempo, Croma correu em direção ao quintal, no rastro do estranho aroma impregnado no ar. Um cheiro de imundice com tempero de frango assado. Tia Dina, com as bochechas vermelhas, agarrou a apressada garota:

- Silvana, ô filha. Fala para o Porcoso: “Zás - trás, nó cego”!

- Quê?

- Fala “Zás - trás, nó cego” que ele se perde.

E foi a garota, com a câmera firme nas mãos. Ela via as duas cabeças se chocando em um único corpo. O mato aumentou de tamanho e tudo ficou mais denso. As folhas farfalhavam logo à frente. Croma também era rápida e cada vez chegava mais perto, no encalço do Porcoso.

- Atrás de um nó cego. – Ela gritou.

Agitada, ergueu a câmera e arriscou uma seqüência de fotos. Olhou no visor e arrepiou-se com as costas do Porcoso e um rosto horrendo abrindo a bocarra.

- Não está certo isso. Como era? “Zás, nó cego”.

O mato começou a rarear e ela ponderou a situação em que se encontrava. Já longe da casa, depois do matagal e à beira da floresta. A vegetação arbórea, a esta altura, engolfava os dois.

- “Zás - trás, nó cego”!

Porcoso diminuiu a marcha e as duas cabeças fizeram caretas mais feias que as suas feições normais. Derrubou o frango no chão e correu para a direita. Mal começou e parou indeciso. Correu para a esquerda e também parou. Voltou para trás um pouco e surgiu em sua frente a garota, que tomou um susto com o súbito encontro. Porcoso voltou pra frente e deu de nariz numa arvore enorme. A cabeça virada para as costas começou a chorar e de seu nariz o sangue escorreu. Chorava com um grunhido pavoroso. Croma sentiu o nó na garganta, bateu uma foto e saiu correndo e gritando, de volta para o lar.

Na casa a aguardavam, o mordomo Aroldo, o “Faz Tudo” Queijinho, a cozinheira e seu irmão.

- Ai minha querida. Que susto. Que perigo. Que imprudência.

Tia Dina abraçava a garota loira, afogando-a em seu corpo rechonchudo.

- É muito certo que eu vou dar uma bela espoletada nos garotos do vizinho, o Senhor Tobias. Ah, se vou. Não é Queijinho?

- Sim senhor, senhor Aroldo. Vamos espoletar essa molecada.

Bruno desgrudou sua irmã do abraço da cozinheira.

- Silvana, você é corajosa que nem eu. Deixa ver a foto.

Ela agachou e ligou a câmera.

- Olha ai que bizarro. Só consegui duas, meio tremidas.

- Nossa! Que feio. Muito, muito feio.

Queijinho, o “Faz Tudo” da casa, pegou a câmera das mãos de Croma, com seu modo brusco peculiar.

- Uma peça bem pregada. Pode deixar, viu menina. Esses moleques vão ter o deles.
Croma sorriu e pegou de volta o objeto.

- Crianças, fiz mais um pouco de macarrão. Vão se lavar que daqui a pouco eu sirvo.

Dona Deusdina olhou muito séria para o pequeno Bruno e este tampou a boca com as duas mãos. O que fez todos darem muita risada.

- Tia Dina, quem te disse que o Porcoso ia se perder se eu falasse “Zás - trás, nó cego”?

- Quem diz é o povo, minha filha. A gente acredita se quiser acreditar.


GIMENEZ, Croma Silvana. Novas Lendas do Brasil – Relatos Encantados Encontrados. São Paulo: Ed. Cipó ; 2008

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Entregas Delicadas

Eu faço entregas de produtos delicados por toda a cidade de São Paulo. Trabalho com isso há três anos e nunca faltei com meu serviço. O nome da empresa para qual trabalho é "Entregas Delicadas". Direto ao ponto, não é? O que carrego na minha Van branca, que é toda bonitona, adesivada com faixas onduladas verdes e vermelhas e uma bola azul que imita o sol, são coisas fantásticas e especiais.

O que entrego, pra ser bem claro, são itens que não existem, mas que existem. Hum, quero dizer, as pessoas acham que não existem, mas existem pra quem tem muito dinheiro. Por exemplo, entreguei semana passada um disco de vinil branco do rei Roberto Carlos que foi gravado em 1976, com apenas uma misera cópia! Nem o próprio Roberto Carlos se lembra deste disco. Só tem duas musicas, cada uma tem vinte minutos. O álbum se chama:

"♫Sois só, somente se, assim será ♫".


Bacanérrimo, concorda? Bom, para alguém comprar algo deste tipo é preciso saber que este algo existe. Nós, da empresa "Entregas Delicadas" somos como garimpeiros improváveis, e abrangemos o máximo de tudo. "Máximo de Tudo", essa é ótima. Aí nós especulamos prováveis interessados que queiram gastar muito por uma singularidade.

Pois é, este exemplo foi pequeno, vou dizer o que farei agora. Acabei de acordar e é sábado de manhã. Tenho uma entrega muito especial que já está  acomodada na traseira da Van. Essa entrega é particular, direto ao meu amor, minha namorada, Clara Lina. Daqui da sede da empresa, no centrão velho, vou guiar por pelo menos quarenta quilômetros até a zona sul. O inconveniente, mesmo já acostumado, é ter que dirigir com extrema lerdeza. Material delicado é assim mesmo, mas valerá a pena. O que tenho aqui são quatro réplicas de corações fumegantes de Boitatás. Saca, Boitatá?

Segundo a wikipédia: "No folclore brasileiro, o Boitatá é uma gigantesca cobra-de-fogo que protege os campos contra aqueles que o incendeiam. Vive nas águas e pode se transformar também numa tora em brasa, queimando aqueles que põem fogo nas matas e florestas." Então, é mais ou menos isso, mas não tão místico assim. São belas serpentes enormes que gostam de viver no meio do fogo, coisa louca mesmo. Não matamos os animais pra arrancar os corações, não, não mesmo. Boitatás cospem o tempo todo corações fumegantes, é só estar no lugar certo pra coletar alguns.

Esses que vou presentear minha namorada, e são realmente magníficos, estão colocados no meio de tubas de vidro de cristal e dessas tubas sai um vapor esverdeado o tempo todo, sem parar, durando pelo menos uns dois anos. Os corações têm o mesmo formato que um coração humano, mas  se parecem com carvão, cheios de rachaduras incandescentes. Estou empolgado, pois é um presente-surpresa.

Desço o quarteirão, pego o primeiro semáforo vermelho, de uma série longa e tediosa. A maldição do farol vermelho. Pelo menos hoje, que tenho que andar devagarzinho, quase nem é um problema. Fica só o costume de suspirar quando a  luz fica vermelha. Giro o "dial" do rádio e bingo, a pedida do dia.   


"...neste sabado de manhã muito, muito, muito ensolarada, nós vamos embalados com a contagiante: You Really Got Me, The Kinks..."

♫Girl, you really got me goin'
You got me so I don't know what I'm doin'
Yeah, you really got me now
You got me so I can't sleep at night♫

http://www.youtube.com/watch?v=dSQOVlkaJT4

♫See, don't ever set me free
I always wanna be by your side
Girl, you really got me now
You got me so I can't sleep at night♫

Boa! Nada melhor que dirigir com a alma elétrica dançando no teto da Van. Mas não vou empolgar, pois a traseira está leve e assim o balanço do meu quadril balança as tubas. Elas estão amarradas em xis com um elástico macio, mesmo assim, se bobear "Pláft, Créck". É este exato barulho que  to ouvindo por cima da música, mas graças a Deus está vindo dessa doceria judaica na esquina. Quatro garotos correm com os chinelos estourados, deixando para trás a vidraça também estourada, segurando potes com geléia de amora, aparentemente fabricada sob supervisão rabínica (eu conheço de longe os selos dourados de uma fabrica de alimentos Kasher). Um aparente reflexo da violência no centro de São Paulo é o fato de um homem baixinho com roupas largas e asseadas sair da doceria com uma espingarda atirando como um maluco na direção dos aparentes trombadinhas. Atirando na direção mais ou menos do corpo leve deles, que também é a direção da minha sagrada Van com faixas onduladas verdes e vermelhas e uma bola azul que imita o sol, vixe Maria! O tiro eu não consigo saber pra onde foi, mas fora balançar com tudo meu transporte, faz um ruído tipo "Plonk Plak" e não sei mais nada que o farol aberto é minha deixa para sair fritando o pneu, buzinando e rezando baixinho pra nada se quebrar.

A Van é toda fechada na parte traseira, eu não consigo visualizar a situação das coisas. Acho que é a única falha que existe nela. Outras falhas são por raros descuidos meus, tipo calibrar pneus, trocar óleo, trancar portas, coisas não tão absurdas. Este susto me impulsiona pra pisar mais um pouco e cair na avenida marginal, pra cortar de vez o trânsito e a loucura das tripas secas do bairro. Quero ouvir mais The Kinks. É difícil repetir esse tipo de som. Deveriam, pois não dá pra aguentar Sultans Of Swing três vezes a cada duas horas, agora The Kinks que é curtinha, até dá.
                                                               
Chego ao destino. É um pouco complicado manobrar na rua da Clara. Bairro tranquilo e de ruas estreitas. A mão única me faz parar de ré na garagem que fica aberta. Falsa sensação de segurança por causa do vigia da guarita lá na ponta da esquina. Não vejo muita utilidade, bandido se quiser vai render o vigia e fazer “a limpa”. To sempre reclamando deste ponto. Ainda bem que a garagem dá altura pra Van. Duas buzinadas e lá vem ela graciosa no vestido floral e sua corrente de cabelo do Papa (tinha tanta corrente de cabelo do Papa no estoque que eu peguei umazinha pra presentear). Ah, sim, eu não costumo fazer isso, sempre pago o que pego. Mas coisas similares a caneta e bijuterias baratas viram até um fardo para a logística. Acho também que dou presentes em demasia. Será que presente demais é mal? Bom, são sempre bem recepcionados!

Beijo longo e abraço apertado, sorrio como criança e levo-a até a traseira, conto até três e “tcharam”! O grito de susto que a Clara dá é acompanhado pelo meu. Entendi agora o barulho de "Plonk Plak" que ouvi no meio dos tiros lá no centro. Foi a porta da Van (que eu esqueci de trancar) sendo aberta e fechada as pressas pelos “trombadinhas” da geléia. Eles mal esboçam reação com a descoberta, tragando a fumaça dos corações de Boitatá. As tubas todas lambuzadas de geléia e um cheiro forte de incenso.

“Querido, vou pegar o presente que tu me deu no último dia dos namorados, que quê tu  acha”?

Eita, presente bem dado rende fruto. Estava mesmo curioso pra poder usar este mimo que me custou uma pequena fortuna.

“Pega ele lá no cercadinho então, Clarinha”.

Os corações de Boitatá brilham intensamente a cada fungada das bocas rachadas. Os garotos comemoram em Alfa o esconderijo inusitado que arrumaram. Não tem problema, não. Este que está vindo no colo da Clara, com terninho de risca de giz e gravata borboleta, é um mini político das Ilhas Caiman. Deve medir uns quarenta e dois centímetros. Transporta qualquer coisa para contas seguras e sigilosas. Só precisamos alimentá-lo com endívias recheadas com creme de milho e camarão. Ele ama endívias mais do que ama um trambique. De onde ele vem existem muitos mini políticos de quarenta e dois centímetros. Obviamente a existência destas figuras é negada e eu paguei uma fortuna pra ter o tampinha conosco por uns meses. Tipo, estamos pensando na possibilidade de morarmos juntos e o mini político vai nos ajudar a reter uns bons dólares.

“Pessoal, vamos fazer uma troca rápida?”

Subo na Van e tomo cada uma das tubas das finas mãos sujas, com o máximo de cuidado pra não quebrá-las e ao mesmo tempo exercendo a firmeza assustadora de um chute na canela de cada um  destes vermes folgados. Não tem nada de “Aí tio, porra!”. Oras, vão se "foderem"! Até parece que vou dar uma de mole depois desta invasão. Desço da traseira e os observo encurralados no canto, conformados com a iminente chegada da policia. A Clara coloca com cuidado o mini político das Ilhas Caiman para dentro do veiculo. Ele ajeita o terninho, funga, estala as mãos e pergunta:

“Estes que aqui estão, vão para o cofre?”

“Pode colocar, mas fique atento ao prazo de validade, se puder trocar todos no mercado de ações humanas, eu ficarei grato!


Fecho a porta da Van ♫"pra não ver passar o tempo. Sinto falta de você. Anjo bom, amor perfeito no meu peito. Sem você não sei viver"♫. Citando o rei Roberto, enquanto o veiculo chacoalha cheio de grunhidos. É difícil transportar pessoas pelo Malote da Ganância (Que é um grande invento pra lavar dinheiro em toda parte do planeta). Foco agora no carinho da minha Clara, que, abraçada nas tubas com corações fumegantes, me convida para desfrutar deste dia maravilhoso. Entregas delicadas, agora só na segunda feira. 

TOBIAS



O cachorro acordou com um sonoro !FRÔMP!, eram três da madrugada.

Farejou o carpete, a borda do sofá, caminhou até a janela e observou o jardim recheado de gotas de sereno, bocejou diante do próprio reflexo no vidro. Voltou para o carpete, girou duas vezes e deitou acochegado por sobre as patas, dormiu.

O cachorro acordou com um sonoro !FRÔMP!, eram três e meia da madrugada.

Alarmado, girando em sentido horário e tentando abocanhar o próprio rabo. Voltou a deitar, deu um espirro e dormiu.

O cachorro acordou com um sonoro !FRÔMP!, eram quatro e quinze da madrugada.

Ergueu a cabeça e latiu em direção ao teto, voltou a dormir.

O cachorro acordou com um sonoro !FRÔMP!, eram cinco e meia da madrugada.

O dono da casa andava devagar ao lado do sofá, em direção a cozinha. O cachorro abriu os olhos e acompanhou a sombra indo embora vagarosa, escutou uma voz: "Que cheiro horroroso, Tobias", e voltou a dormir.

O cachorro acordou com um sonoro !FRÔMP!, eram seis da manhã.

O dono da casa trajando um paletó colheu um molho de chaves na mesa. Acordado, o cachorro ouviu uma sequência de !FRÔMP! !FRÔMP! !FRÔMP!, seguida da voz do dono da casa que já saía pela porta da frente:

"Que cheiro horroroso, Tobias".

O cachorro dobrou o corpo e farejou seu ânus. Espirrou quatro vezes, soltou uma gargalhada e voltou a dormir.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

O ʜɪᴘɴᴏᴛɪᴢᴀᴅᴏʀ ᴅᴀ ᴘᴀᴅᴀʀɪᴀ

* Galera, descobri que pra visualizar de forma correta a história, tem que ter um pacote de fontes recentes e bem atualizado, senão fica tudo bagunçado na postagem. Uma pena. Alguns vão ver de forma correta, outros vão ver uma salada cheia de quadradinhos loucos e sem sentido rs*

(/_^)/ Iɴᴛᴇʀʟᴜᴅɪᴏs Cᴏᴛɪᴅɪᴀɴᴏs  \(^_\) apresenta:

|| O ʜɪᴘɴᴏᴛɪᴢᴀᴅᴏʀ ᴅᴀ ᴘᴀᴅᴀʀɪᴀ ||

~

(^_^) "E aí, cara. Vamos lá na padaria comigo?

( ^◡^)っ "Claro, vamos nessa."
   


               ( )
                ( )
                   ( )
                     ( )
                       ) )
                    ( ( /\
                    (_) / \ /\
           ____[_]_____ /\/ \/ \
/\ /\ ______ \ / /\/\ /\/\
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/\ / /\/\ //___\ \__/ \ \/
/ \ /\/       \//_____\ \ |[]| \
              //_______\ \|__| \|
/ \       /XXXXXXXXXX\ \
\ /__\PADOCA DO GODÔ\
I_I| I__I_____[]_|_[]_____I
I_II I__I_____[]_|_[]_____I
(^_^) (^_^)

(^_^) (^_^) "Boa tarde" (ʘ‿ʘ) "Boa tarde rapazes, em que posso ajudar?"

^) ( ^◡^)っ "oito pães e dois litros de leite, por favor"

(ʘ‿ʘ) "É pra já!"

(^_^) ( ^◡^)

|・)*

|_・)*

... *( ・_・)* (^_^) ( ^◡^)

*( ・_・)* "Boa tarde!" (・_・)(・_・) "Opa, boa."

*( ・_・)* (・_・)(・_・)

*( ・_・)* (・_・)(・_・)

*( ・_・)* (・_・)(・_・) 〠〠 \(ʘ‿ʘ ) "Aqui estães os pães"

〠〠\(ʘ‿ʘ) "Rapazes?"

*(۞_۞)* "OLHEM EM MEUS OLHOS, CONTEMPLEM O ABISMO!"

(⊙_⊙') (⊙_⊙') "OH, mano, que bizarro"

*(۞_۞)* "TEUS OLHOS ESTÃO FICANDO PESADOS"

( >.< )( >.< )

*(۞_۞)* "ADORMEÇAM, ADORMEÇAM"

(-, - ) (-, - )…zzz

〠〠\(ʘ‿ʘ) "Ué, mas que merda..."

*(۞_۞)*

:*・°☆.。.:*・°☆.

(⊙▂⊙✖ )(⊙▂⊙✖ ) "CARALHO! Que porra foi que aconteceu?"

(⊙▂⊙✖ ) "Mano, eu não sei. Cadê todo mundo? Onde estamos?"

(⊙▂⊙✖ ) "Cara, aqui não é a padaria, parece um circo."

(⊙▂⊙✖ ) "Porra, foi aquele maluco sinistro. Ele hipnotizou a gente."

(`・ω・´) "ᖇ〇〇〇ᗩᗩᗩᖇᖇᖇ " (⊙▂⊙✖ )(⊙▂⊙✖ ) "URSO????!!!!!!"

(╯▅╰) "VÉI, VAMOS SAIR DAQUI"

ε=ε=ε=ε=ε=ε=┌(; ̄◇ ̄)┘
ε=ε=ε=ε=ε=ε=┌(; ̄◇ ̄)┘

(`・ω・´) "ᖇ〇〇〇ᗩᗩᗩᖇᖇᖇ "

(`・ω・´) "ᖇ〇〇〇ᗩᗩᗩᖇᖇᖇ "

(`・ω・´) "ᖇ〇〇〇ᗩᗩᗩᖇᖇᖇ "

ε=ε=ε=ε=ε=ε=┌(; ̄◇ ̄)┘ "Mas nem tem urso no Brasil"
ε=ε=ε=ε=ε=ε=┌(; ̄◇ ̄)┘ "Devemos estar presos num tipo de ilusão"

"PAREM! JAMAIS SAIRÃO DOS MEUS DOMINIOS MENTAIS!" *(۞_۞ )*

*(۞_۞ )**(۞_۞ )**(۞_۞ )**(۞_۞ )*

(⊙▂⊙✖ ) "O MALUCO SE MULTIPLICOU"

"TOMA ESSA BICA NA FUÇA, SEU CUZÃO" (ヽ `д´)┌┛★)`з゜)

\( ゚ヮ゚)/ "YEAH, MANO! Tu pegou ele!"

(ヽ `д´)┌┛★)`з゜) (ヽ `д´)┌┛★)`з゜) (ヽ `д´)┌┛★)`з゜)

*(۞﹏╥)* "aaaaaaarrrrggghhhhh"

*(۞﹏╥)* "VÃO SE ARREPENDER DESSA AFRONTA"

*(۞﹏╥)* "QUE COMECE A INVASÃO!"

:*・°☆.。.:*・°☆.

(-'.'-)(-'.'-) "Olhe, estamos de volta à padaria!"

(-'0'-) (-'0'-) "mas... o... quê... diabos... é... isso?"

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"ATENÇÃO HUMANOS. AFASTEM-SE
DE MINHA NAVE! DIZIMAREI A TODOS".

〠〠\(ʘ‿ʘ) "Rapazes, não vão querer os pães?"

ε=ε=ε=ε=ε=ε=┌(; ̄◇ ̄)┘ "EITA!"
ε=ε=ε=ε=ε=ε=┌(; ̄◇ ̄)┘ "FOOOGE"

┐(ʘ‿ʘ)┌ "Ué, acho que nães!"

(ʘ‿ʘ) "Olá senhor Berzequetréfe!"

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░░░█████░░░░░░*(۞_۞ )*░"Olá" ░█████░░░
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░░░█████░░░░░░░░░░░░░░░░░░░█████░░░

(ʘ‿ʘ) "Brioches com mantega pra viagem, como sempre?"

░░░█████░░░░░░*(۞_۞ )*░"SIM" ░█████░░

░░*(۞_۞ )*░"por favor!" ░██

(ʘ‿ʘ)

(`・ω・´) "ᖇ〇〇〇ᗩᗩᗩᖇᖇᖇ ? "

(ʘ‿ʘ) "Nães"

ʕ •ᴥ•ʔ

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ℱℑℳ

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terça-feira, 4 de junho de 2013

Versículo


Jokenpo 
Não sei Isaac. Acho que foi Isaías quem colocou isso aí.

Ah, tudo bem. Obrigado, Jó.

De nada, Isaac.

Ali a baba



No meio da empada tinha uma azeitona
No meio da azeitona tinha um caroço
No meio do dente um trinco
No meio da alma, a dor.
Puta que pariu!

Comi coxinha com gosto de sardinha
Ao terminar, tinha uma peninha
Que dózinha da galinha

As três pontas da esfiha
As três pontas queimadas
Mordi no meio e era massa
 

Meme já


L(・o・)」

Você aí, já pensou hoje no "Como não pensei nisso antes?", para que amanhã não tenha que pensar em como não pensou nisso antes? Fica ligado, gênio!

L(・o・)」

Imagina na World Cup 2014




That beautiful view of the beach. It is a paradise. VAI TIO, PERDEU. Is all that I wanted for our family. PASSA A GRANA GRINGO LOUCO. I want to prove all the typical foods. NÃO OLHA PRA MINHA CARA, OTÁRIO. How many nice people here. VACILÃO. This World Cup will give us valuable life lessons in community. EU SENTO O DEDO SE TU FICAR NESSE EMBAÇO. The joy of the sport, the communion, the victory and the defeat. TÔ A MÓ CARA TE FITANDO, MALUCÃO. Everything in this tropical paradise, the samba, the smile, the caipirinha. TÁ CHEIO DE DÓLAR NESSA PORRA. I'm so happy. BELEZA MANÉ. Look, there should be the police station. Lovely place. By chance, you are the last of the queue?


Oui, oui. S'il vous plaît, Monsieur. Je suis le dernier de la file d'attente

Namorados?