Desanimado, passo pela
praça Charles Bauder a procura de um almoço razoável e um local que
atenda as necessidades do meu dia-a-dia.
Pequenos círculos de grama, árvores de tronco largo, lírios do vento chacoalhando suas pontas finas, legiões de formigas enfileiradas carregando lascas de pão. No começo desta primavera florida, todas as aves cantam boas-vindas à natureza. Natureza maranhada entre prédios de modernos, arrojados e imponentes. Mas nunca poderei alcança-los (os prédios), mesmo se retornar ao vigor da juventude.
Invade-me uma nostalgia. Recordo da infância ao redor de praças ainda maiores, sem entender o porquê de ser levado para estes lugares, as vezes sozinho, as vezes em grupo, cheirando ao orvalho da manhã. Hoje, tudo é diferente, a paisagem me olha como uma brincalhona. Velhacos jogam uma partida de xadrez, mascando um lanche que insistem em me oferecer, como numa confraternização.
Tudo quase perfeito, não fossem as pessoas que cruzam a praça em ternos alinhados e vestidos ornados, correndo ao trabalho como, aos meus olhos, grandes manchas cinzas deturpando a harmonia. Homens e mulheres que me encaram com um olhar invejoso, raivoso.
Encostado na arvore, ao lado da passarela, recuo com medo destes cinzentos. Gente que blasfema contra mim! Meu espanto é enorme, pois nada fiz que não seja normal. Ninguém, além destas manchas cinzentas e apressadas, se incomoda com minha presença. Sou apenas mais um. Finjo indiferença enquanto mordo mais um pedaço do meu lanche de ameixas cedido aos tecos pelos velhos, este que me agulha em cólicas leves. (tenho intestino solto).
Pequenos círculos de grama, árvores de tronco largo, lírios do vento chacoalhando suas pontas finas, legiões de formigas enfileiradas carregando lascas de pão. No começo desta primavera florida, todas as aves cantam boas-vindas à natureza. Natureza maranhada entre prédios de modernos, arrojados e imponentes. Mas nunca poderei alcança-los (os prédios), mesmo se retornar ao vigor da juventude.
Invade-me uma nostalgia. Recordo da infância ao redor de praças ainda maiores, sem entender o porquê de ser levado para estes lugares, as vezes sozinho, as vezes em grupo, cheirando ao orvalho da manhã. Hoje, tudo é diferente, a paisagem me olha como uma brincalhona. Velhacos jogam uma partida de xadrez, mascando um lanche que insistem em me oferecer, como numa confraternização.
Tudo quase perfeito, não fossem as pessoas que cruzam a praça em ternos alinhados e vestidos ornados, correndo ao trabalho como, aos meus olhos, grandes manchas cinzas deturpando a harmonia. Homens e mulheres que me encaram com um olhar invejoso, raivoso.
Encostado na arvore, ao lado da passarela, recuo com medo destes cinzentos. Gente que blasfema contra mim! Meu espanto é enorme, pois nada fiz que não seja normal. Ninguém, além destas manchas cinzentas e apressadas, se incomoda com minha presença. Sou apenas mais um. Finjo indiferença enquanto mordo mais um pedaço do meu lanche de ameixas cedido aos tecos pelos velhos, este que me agulha em cólicas leves. (tenho intestino solto).
M - Que horror! Nojo, nojo, ai ai...
H - Cagão maldito! Meu terno novo. Essa laia, emporcalhando a passagem.
M - Ai! Que nojo...
H - Como vou pro serviço deste jeito?
M - E eu? E eu?
Que gentinha desajustada ! Não ficarei
a ouvir tamanha calunia a meu respeito. E mesmo porque, estou mal do estômago, péssimo. Acho que terei que passar depressa pela praça para,
realmente, evitar um embaraço. Eu não vou aguentar.
"Ui"
O pipoqueiro também esta a me xingar. Oras, disfarço bem um peidinho, dois peidinhos. A expressão é das melhores. As crianças, elas correm e gritam até as suas mães. Onde está a bela harmonia? Onde está a brisa perfumada? O quê fizeram com o chão? Tudo vira uma tragédia. A praça cheira mal e as pessoas escorregam em algo sujo. Também quero sair.
"Ui"
O pipoqueiro também esta a me xingar. Oras, disfarço bem um peidinho, dois peidinhos. A expressão é das melhores. As crianças, elas correm e gritam até as suas mães. Onde está a bela harmonia? Onde está a brisa perfumada? O quê fizeram com o chão? Tudo vira uma tragédia. A praça cheira mal e as pessoas escorregam em algo sujo. Também quero sair.
"Ui"
Vou-me embora, vou voando de tão rápido.
"Ui"
Atrás de mim, os homens, as mulheres, os velhos, as crianças, à gritarem:
– Maldito! Pombo maldito!
– Pombo sujo! Seu, seu, seu p o o o o m m m b o o o o o...
E eu, cada vez mais longe, cada vez mais longe.
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