terça-feira, 5 de maio de 2015

Direita, esquerda? Volver!


As pessoas descarregam dor e desconforto culpando ideias que lhes são contrárias. Há o certo, o errado e só. Jamais terá espaço o incerto. O discurso, que é culpado de prover divergência, bloqueia o opositor com a ameaça do conhecimento (suposto, parcial) para que o outro caia na incerteza (que é a dor e o desconforto).

O problema desta ação tão contemporânea é que, com ela, está toda uma geração indo pelo caminho errático da estagnação criativa. (!) O incerto é um mistério e o desconhecido faz parte da humanidade. Isso é ótimo, é a parte boa. Vivemos numa época de precisão e pressa que não admite impasses e tem pouca paciência (muito medo) do ato de esperar (do desvelar), que é justamente o centro de qualquer mistério. Então, coisas interessantes e novas não saem por de trás da cortina. Porque ninguém mais as puxa! Os debates não tem fim.

Os debates de ideias tem rupturas idiotas (ok, eu vou para minha laia e você vai para a sua). O curso natural da descoberta começa no mistério. Mas não temos isso mais. É sim ou não, nunca talvez. Imprecisão é o maior e mais bonito desafio.

Se vemos algo e julgamos esse algo, decidimos rapidamente se "sim" ou se "não" e hostilizamos o resto. Esquecemos de voltar atrás, pois esquecer é uma escolha ciente. Trancamos numa gaveta a possibilidade da vergonha que é ter inconstância. Inconstância, que é a rota de qualquer aprendizado. Sem ela, estagnamos (esquecemos).

E essa é a vida (inconstância, mistério e aprendizado) e no meio do trajeto nos distraímos com álcool, doces, drogas, gordura, sexo, internet, tricô, etc. Que estão longe de serem coisas ruins (ressalvas*). Mas, neste contexto (onde entram as doses cavalares de dor e desconforto), o são, pois tornam-se a chave da gaveta onde trancamos o que importa. A mente anuvia-se para obliterar a lembrança daquilo que é vital. 

Vital é não ter medo (vergonha) de conectar-se com o misterioso (que é o outro).

Precisamos de um resgate dos sigilos do passado para faxinar a fé atual.

Nem sim, nem não; possivelmente um talvez.


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Buscou a visão, Astromiau.