sexta-feira, 26 de abril de 2013

O incrível homem P por B e T por J




"Mas quê diabos que o senhor está tão agitado?"

"A borra do café, javali!"

"Feitiçaria?"

"Javali na mesinha, borra!"

"Oras, mas que peculiar!"

"Javali e agora não jamais."

"Hum...mas que diabos..."


quarta-feira, 24 de abril de 2013

O sofisma da perna de pau

Não há satisfação em enforcar um homem que não faz objeção a isso.
George Bernard Shaw
 
 
“Primeiro precisamos lhe arranjar um grande e trágico acidente, um embate, um duelo, uma fatalidade, então poremos tua perna à prova. Corto-lhe com machado afiado e então detalhamos como será sua história. É razoável que a perna passe por um processo infeccioso e se inutilize ao longo do tempo, mas é melhor que ela seja comida, arrancada, triturada, amaldiçoada, explodida ou catapultada. Veja bem, velho pernicioso, uma perna de pau impõe respeito somente se houver uma história que valha a pena ser contada por trás da madeira lustrada. 


Conhecido é o simbolismo, o temor provocado nos inimigos, o respeito que inspira os amigos, a sensualidade que evoca nas mulheres o mais profundo e salivante desejo de roçar a tua perna de pau. Pagar-te-ão em rum para ouvir teu conto trágico e audaz. Circundarão tua pessoa para admirar a peça. Que espera para que lhe partamos este osso não profícuo que lhe dói por todo o inverno? Tantos anos saqueando deslumbrantes tesouros, pilhando mercantes asiáticos, perfurando com tua espada o peito dos timoneiros, agora que tua barba roça tua barriga entre fiapos grisalhos e sujos, já não é a hora de mais valia para presentear-te com está madeira tão bela quanto uma preciosidade de ourives?
 
 
Se precisar de exemplos dos préstimos que minha pessoa já executou, nestes anos acalantes, lembre da imagem pomposa que o pirata Tunus Albacaris construiu perante a corte aduaneira do Rei Vermelho, penetrando o castelo real com perna de pau e pistola de pavio curto. Não podemos negar que a história fez jus a esta imagem, mesmo que a guilhotina tenha aparado o pescoço de Tunus tão logo foi capturado. Quem poderá dizer que não valeu a pena ser assunto nas classes abastadas? Tome nota também da vida de meu primeiro cliente, pirata Mero das Elipses, o louco dos canhões. Exigiu que sua perna de pau pudesse armazenar pólvora, assim foi feito, como não? Você já se lembrou desta legenda? Muito difundida, de fato. Explodiu-se bravamente contra uma turba de motim. Épico, meu amigo, épico. 


Posso aceitar rublos. E definitivamente me interessa a coleção de sestércios, no entanto, adiciono duas tiras de couro no toco inferior se acrescentar esta bolsa de ervas que carrega a tira colo, me é útil nas questões salutares. Negociados estamos por setecentos e trinta rublos, quarenta e três sestércios e um punhado das ervas aromáticas. É menos do que costumeiramente é acordado entre minha família de clientes, mas, como estava tu numa dúvida cruel, deixo a bonança em seu bolso para que volte e experimente muito mais que tenho a oferecer.
 
 
Repare, é aqui que farei a incisão. Beba rum, mas é claro. A bebida da casa é à vontade. O torpe é lucidez para tão árduo trabalho; e assim tu mal sentirás o tranco. Mastigue este pedaço de estopa, pois a pressão pode subir inquietante até a tua testa e transformar-se em uma dor sibilante. Seja como for, é passageira. As agruras que precedem uma vida de glória e importância, são nada menos que mais história para uma rica coleção. Já prepara logo teu barco, pense só, mire bem tua próxima pilhagem, escolha a dedo teus homens e Deus te proteja da cabeça da serpente do mar. Observe como puxo este osso, que não é nada que uma picada no nervo.

 
Recoste-se e troque a estopa. Mais rum e mais um tranco, te garanto, olhe só, aqui jaz tua ex-perna que de tão comum, nada lhe trouxe de bom. Tão rápido que foi, concorda? Mas é normal teu suor, tua tremedeira. A brasa do carvão vai estancar a abertura. O barulho te aflige? Não se incomode, é como um porco tostando, tomo extrema precaução, fique sossegado. Pus meu dedo e já nada sentiu, percebe? É hora de cravar o taco. Só mais um tranco, o laço nas cores que escolheu é de muito bom gosto. O couro se expandirá com o tempo, o que sente de aperto é pura impressão. O repuxo ocorrerá nos primeiros dias. Um pouco de força, agora. Estrala a madeira por conta da pressão, de outra forma não poderia ser. 


Que tal? Gostou? Parece bem reta. A dor é mais do que normal, necessária até, eu diria. Orgulhe-se, que este modelo é novo. Jamais servi tão bem um cliente. Caso queira, faço com que esta perna de pau seja exclusiva, jogando o molde fora. Quanta honra e boa sorte, concorda? O que passa? Machucou-se? Foi só um pequeno tombo, ajudo-o e lhe ofereço esta muleta. Peço-te perdão pela falta, sempre é bom repousar em muleta por um mês. Não se invoque com as farpas, pense nelas como uma coroa. Sim, é normal o negrume da carne.
 
 
Concordo, é estranho no começo, mas é satisfatório em longo prazo. Um bom dia eu lhe ofereço, velho pirata. Vejo a satisfação em teu rosto. O quê? Na estante? Cobiça já minhas mãos de gancho? Pura prataria bem encurvada. Já podemos pensar num molde para mais adiante. Imagine a completitude de uma perna de pau, uma mão de gancho e quem sabe, juntando ouro, um belo olho de vidro! Adeus, pirata. Um bravo sempre tem olhos acurados, portanto aguardo teu retorno. Não, não reproduzo cicatrizes. Infelizmente. Há de conquistá-las por si só, concorda? Tome aqui, leve como presente, esta garrafa de rum.” 

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Terminologia 2013 adiante:



"Bosta, hoje estou norte coreano da vida".

"As vezes, quando acordo cedo, fico norte coreano com as pessoas, evito falar."

"Os brasileiros estão norte coreanos com os politicos. Não é pra menos."


"Mas é um feliciano mesmo esse cara, putz."

"Felicianão"



Buscou a visão: Astro Miau

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Elas são gemas!




Cyber Junky Sexy Bar


apresenta:



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Elas são gemas

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Ano: 2.085




Anel 2 - Zona Amorfa da constelação Andrômeda





Um estrondo repercutiu pela plataforma de pouso. A lataria sucateada da Gertrudes V ralou as placas de titânio do piso até bater na guarita. A aparência rústica da nave se desfez e aos poucos, rangendo e vibrando, Gertrudes V virou do avesso, revelando um contorno polido de aço niquelado. Arnaldo "Tesão" Kass pulou para fora, sacudindo seu macacão ultra selado feito de verbena a 500º graus.

- Chamô, chamô pessoal! Tô na área.

A plataforma superlotada, forrada de estrangeiros, perdia-se em curvas, gritaria e pilhas de encomendas. Kass carimbou o visto de permanência e passou três horas preenchendo um formulário de entrega, perfurando a lâmina de alumínio com um canetão laser.

- Pô bicho, tu tá me dizendo que do Rio até aqui eu tenho que deixar sinalizadores betas por todo o caminho?

O polvo hominídeo encarou Kass com a impaciência de seus vinte olhos oblíquos. Ergueu o tentáculo numero 6, lilás e gosmento, e apertou com leveza a nádega do piloto.

- Ah, seu puto. Toma essa merda de prancheta. Termina você de marcar essa porra. Eu to indo pro bar.

Kass trombou meia dúzia de anãs laranjas, ainda esbravejando contra o polvo hominídeo, que lá ficou, sorrindo animado. Virou três plataformas à direita do pouso e entrou de uma vez.

"Bem vindo ao Cyber Junky Sexy Bar. Experimente nossas bebidas. Bem vindo viajante das estrelas."

A voz feminina saiu das duas caixinhas enferrujadas, penduradas na porta. Kass puxou um banco para perto do balcão.

- Eae Abecê. Bota duas talagadas de cachaça.

Abecê, o barman, firmou o laço de sua bandana encardida na testa e sorriu. Desarrolhou uma garrafa em forma de azeitona e a encostou no nariz de Kass.

- Deus é mais! Essa veio de onde?

Abecê serviu a dose, tampou a garrafa. Coçou o cotovelo esquerdo e debruçou sobre o balcão.

- Veio de um tal de triângulo com minas.

- Tái, meu velho, um lugar que nunca ouvi dizer.

- Coisa boa, coisa forte, Kass.

- Meu bisavô tomava isso. Meu pai tomava também. Tô tomando por causa disso e também que é coisa brasileira.

- Ah... É, lá da Terra. Isso é.

Kass virou o corpo sobre o banco e olhou o salão. Um neon lilás predominava no ambiente, terminando na borda do balcão.

- Isso aqui, Abecê... Isso aqui está deprimente.

- Estamos de luto.

- Luto? Por causa do Colapso Lizard?

- É, você sabe.

Kass alinhou a barriga no balcão, de frente para Abecê e também debruçou o corpo.

- Hey velho, descola alguma gata exótica?

Abecê abriu um sorriso de dentes separados. Pegou uma caderneta debaixo do balcão.

- Mas é claro, meu querido. Tudo para um conterrâneo.


Abecê dedilhou as páginas da caderneta com uma expressão séria.

- Kass, vulgo “Tesão”, grande Kass. Meu amigo, dei-me conta de que talvez toda a população de gostosas que operam nesse canto do espaço, está no enterro do Capitão Colapso Lizard.

- Ah... Bela bosta. Pô, cara! Estou subindo nas paredes da minha nave. Arruma qualquer coisa.

- Eu tenho duas coisinhas especiais, cheias de excitação. São irmãs. Inseparáveis. São gemas. Se você gosta desse tipo eu...

- Puta vida!

Arnaldo “Tesão” Kass ficou de pé e espremeu os dedos no balcão.

- É isso Abecê! Pode marcar,AGORA! Pode cobrar quatro horas. Aí cara... Você é sádico, guardando essa belezocas.

Abecê ergueu as sobrancelhas.

- Olha, Kass, eu raramente as oferto. Quem gosta delas e só vai com elas é mesmo o povo lá de Mirion, cê sabe... Lá do segundo anel de Saturno.

- Oras, aquele bando de casca grossa? Que isso meu amigo, eu vou dar um trato que elas vão se apaixonar então.

Abecê mensurou com a cabeça e colocou um fone no ouvido.

- Posso marcar então?

- Pode.

Discou quinze dígitos e falou numa língua cheia de estalos.

- Elas vão estar no cubículo doze. Só que, daqui duas horas. Estão com um cliente, cê sabe.

- Eu espero, bicho. Desce mais cachaça.

Kass bebeu gole por gole, impaciente. A visão turva observava criaturas indo e vindo do Cyber Junk.

- Abecê, de onde são mesmo essas irmãs?


- Organitrom. Longe pacas.

- É aquele planeta que se ergueu chupinhando tudo que era orgânico da terra, menos...

- ... menos os humanos. É esse mesmo, Kass.

- Meu primo já foi fazer entrega lá. Porra, ele vai pirar, quando souber que transei essas gatas.

- Escuta só, os caras de Mirion dizem que é como comer Fugu. Sabe sushi de Fugu?

- Sei. Em exagero, você pode morrer ou não.

- Mais ou menos isso, Kass.

- Bando de frouxos.
 

- Eles pagam por quinze minutos, todas as vezes. Não mais que quinze minutos.

- Danem-se. Dá mais dessa cachaça.

Passadas as horas de espera, Kass levantou desequilibrado, derrubando um jogo de saleiros. Entregou o cartão de debito intergalático para Abecê e aguardou o registro de seus gastos.

- Cobra o prazer aqui também?

- Claro chapa!

...

Kass desceu dois lances de escada. A temperatura caiu e as paredes estavam repletas de salamandras da neve. Uma prostituta velha esfregava uma das salamandras entre suas pernas gordas.

- Que cara é essa, querido? Todo mundo se limpa com o bichinho.

Ele desviou da velha e girou o disco da porta. Uma voz metálica e feminina ecoou no quarto:

“Bem Vindo ao aposento 12 do Cyber Junky Sexy Bar”.


- Blá, blá, blá... Garotas, o “Tesão” chegou! Garotas?

Kass fechou a porta e uma luz suave e branca preencheu o local aconchegante. Mergulhou numa cama de couro e, desajeitadamente, livrou-se da roupa. Do pequeno banheiro, de frente a cama, vazou uma luz entremeada por sombras disformes. Ouviu risadas estridentes. Com a visão embaralhada, acompanhou o lento abrir da porta.

- Pode vir, tá duro já.

Mais risadas. A porta abriu por completo. Kass esfregou os olhos embriagados. Uma claridade amarela invadiu o espaço. Risos. Esfregou novamente os olhos. Duas coisas partiram para cama. Mais risos. Duas gosmas amarelas e disformes subiram na cama. Risos. Passadas de mão na cara. Gosmas subindo pela coxa. Quente, muito quente. Gosmas rindo. Um cheiro nauseabundo corroendo Kass.

Enjoo. Quente, quente. Risos. Gosma na virilha. Uma parte dura da gosma desceu a cueca. Quente, muito quente. Enjôo, mistura azeda subindo na goela. Cheiro de ovo. Ovo! Amarelo no peito. Gosma na boca. Sugou sua língua. Risos. Gemido. Quente, queimando. Queimando. Olho revirou. Vontade de gritar. Gozou. Gozou? Ovo.

Quatro horas depois, Abecê enxugava copos com sua própria bandana, enquanto passava um palito de madeira de um lado a outro da boca. A escada em espiral no centro do bar deslocou-se; surgiu uma figura trêmula, desbaratada.

- Kass meu querido, gostou das... Minha mãe do céu... Kass?

O trôpego viajante das estrelas se ajeitou no banco do balcão. Seu corpo fedia e sua pele estava toda queimada. Ele pediu uma agua. Sua voz estava rouca e seca.

- Seu grande... Grandessíssimo filho da puta!

- Eu avisei, Kass...

- Avisou... Porra nenhuma!

- Claro que avisei. Elas são gemas!

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Reflexo da Loucura




Conto sobrenatural do amigo Paulo Henrique Facchini.




Dizem os antigos que numa cidade ribeirinha ocorreu um fato que todos ainda tentam confirmar como lenda. Ocorreu no interior do estado, quando ainda éramos um povo dominado pelas oligarquias rurais.
Numa cidade do interior que era cortada pelo Rio Tietê, vivia um imigrante alemão por volta de quarenta anos, seu nome era Hans Wats, era filho de Rug Wats e deste havia herdado as terras. Suas terras ficavam ao lado do rio e eram improdutivas.

Hans sempre culpava seu pai pelos problemas, afinal a situação dele, de sua esposa e de seus três filhos não era nada boa. Alcoólatra desde moço tinha o costume de depois da lavoura ir até o bar Rabo de Galo e acabar sozinho com uma garrafa de cachaça.

Certa noite, Hans chegou bêbado e revoltado em casa. Abriu a porta e resmungando foi direto para o banheiro. Fechou a porta com a taramela e começou a urinar, enquanto urinava sentia raiva do pai, afinal, depois que o velho fugiu, as terras nunca mais deram lucro e ainda tinha que ouvir no bar os outros zombarem de seu trabalho.

Terminou, fechou o zíper, e virando-se deparou com o espelho. Seus olhos envesgavam-se e ele continuou a olhar fixamente na figura. Dado um tempo, começou a enxergar no espelho o reflexo do seu pai. Resmungou da vida e começou a xingar a imagem, xingou tanto e aquilo lhe dava tanto prazer que se sentindo cada vez mais macho começou a desafiar a figura para um combate.

Seus dois filhos menores e sua mulher choravam e batiam na porta que não abria devido a taramela.
Hans olhava para o espelho e apontando para o mesmo disse em bom tom que quebraria a cara do pai se o visse. Antes de reparar algo, sentiu um punho cerrado acertando em cheio sua orelha. Perdeu a embriagues, sua coragem extinguiu-se na mesma velocidade, mas a flagelação não parou. Sem entender e ver ninguém, sentia golpes maciços acertar todo seu corpo. Era jogado de um lado para o outro com os golpes que o atordoava. Desesperado, tentou correr para a porta, a taramela rodava, mas nunca parava de modo que ele pudesse abrir a porta. Chorava como criança, e apanhava como adulto, até que escorregou, bateu a cabeça no chão e ficou desacordado.

Seus filhos e mulher, descalços sentiram algo molhar seus pés, olharam para baixo e em pânico viram o sangue passando por baixo da porta. Chorando desesperadamente pediram para a filha mais velha ajudar a abrir a porta, esta por sua vez fez-se de rogada e continuou na cama.

A menina, que sabia um pouco sobre ciências ocultas, deitou, fechou os olhos, e fez uma concentração até sair de seu corpo.Foi vagando até o banheiro, onde viu seu avô chorando olhar para o filho estatelado no chão. A menina ficou comovida, mas sem esperar viu Rug correr e entrar no seu corpo.

Rug tomou a forma da menina, levantou-se da cama. Andou calmamente até a família que chorava e disse para não se preocuparem que era só um acidente da bebedeira. A mãe ainda fragilizada tentava acalmar aos dois filhos menores. O que surtiu efeito momentâneo.

Rug na forma da menina disse para os cinco ficarem calmos que ele só ia resolver um assunto e já voltava. Ninguém compreendeu direito, mas não deram importância afinal o importante era que Hans estivesse bem.
A menina de aproximadamente quinze anos chegou no Bar e perguntou onde estava o Nino, este que era um dos maiores agricultores da região. Os homens com malícia no olhar, afinal apesar de nova a filha de Hans já tinha porte de mulher, indicaram o banheiro. Ela pegou uma garrafa de conhaque pelo gargalo e andou até parar em frente a porta do banheiro. A porta abriu, Nino de quase setenta anos olhou aquela loirinha linda com a garrafa na mão, deu um sorriso e levantou bem a aba do chapéu. Rug sentiu que era a hora, virou-se um pouco e puxou a garrafa com toda a força, um golpe realmente forte na testa do Nino o que assegurou a queda. A garrafa quebrou e mais do que depressa, Rug pegou um caco de vidro grande e passou no pescoço de Nino. A pele esticou, enrugou e verteu sangue numa quantidade que as mãos de Nino não conseguia estancar.

Os outros olhavam perplexos e sem nenhuma reação. A menina largou o caco, se levantou e olhando para os outros saiu andando calmamente. A calma foi tanta, que qualquer um ali ficou pensando duas vezes em denunciar e correr o risco de ser o próximo.

Rug voltou para casa. Lavou a mão na pia de limpar peixe lá fora perto do poço. Andou lentamente até a edícula e pegou uma pá. Cavou uma cova, nisso a mulher de Hans chorando analisava tudo da varanda. Rug foi até a beira do rio e embaixo da plataforma improvisada de pesca começou a entrar. A mulher de Hans que seguia o corpo da sua filha olhou e foi ajudar a menina. Viu quando de dentro d’água a menina começou a puxar um punho.

A menina olhou para a mãe e esta desceu para ajudar, puxaram o corpo do avô até a cova. O corpo estava lá a trinta anos, era acinzentado, com uma séria lesão na nuca e uma marca de faca nas costas, provavelmente morrera afogado. Deitaram o corpo na cova e como uma mágica o corpo de Rug se desfez sobrando só os ossos dentro da vala. A menina desmaiou e a mulher de Hans desesperada, tomada de um impulso enterrou os ossos.

Dizem que Rug Wats descansou em paz depois do feito. Que as terras de Hans Wats são até hoje grandes produtoras de policulturas, e que Hans morreu podre de rico degolado com um caco de vidro. Sua primeira mulher, mãe de seus filhos, ficou louca e morreu anos depois no manicômio. Seus filhos venderam suas terras anos depois. E sua filha nunca mais foi vista, a não ser próxima a fontes d’água e espelhos a procura de seu corpo.

Paulo Henrique Facchini.
Maio de 2005.

sábado, 13 de abril de 2013

"Vergonha"









A sombra que fiz
Sobre a terra descoberta
Era sombra de homem nú.
Sem pudor, sem temor.
Um pedaço de terra
Conforta minha sombra
Fomos feitos sob medida
Na medida do possível
A terra me aceita
Aqui, nú, sem temor
No quintal de casa
Em frente ao portão.
Bom dia, vizinho!

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Trombadinha


— Coração ao alto! Isso é um amor.

— AAAAAHHHHHH

— Cala a boca. Passa tudo que tem! Carinho, beijos, sexo, ciumes.

— Mas eu só tenho amizade, eu juro.

— Prova pra mim, rápido, rápido.

— Pirulito que bate bate. Pirulito que já bateu. Quem gosta de mim é ela. Quem gosta dela sou eu.


— Não casa comigo, eu sei onde você mora e volto pra te sufocar!

— AAAAAHHHHHH

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Pouca gente sabe (Mundo da Música):



ᗒ que "Sá" é uma cidade no interior de Minas Gerais e que Sandra é sua cidadã mais ilustre.

ᗒ que Alcione é filha de americanos e tem uma irmã gemea chamada Alcitwo.

ᗒ que "Gal Costa" é abreviação do nome: General Costa. (Familia é toda militar)


ᗒ que Lulu Santos na verdade é de Cubatão. Mas preferiu um nome artistico mais comercial!


  Zélia escolheu seu nome artistico após, em uma conversa com amigas durante uma gripe muito forte, tomar a resolução de nunca mais ficar doente. Nas palavras da cantora: "Duncan bas guero begar gribe"