sábado, 29 de setembro de 2012

Escola do Cervejismo Mágico

Gênero Literário iniciado por monges de Zêl na Eurásia.

Cervejismo Mágico:

¨¬ Lúpulo é!
(Xinto Senpa - ano?)


Manifesto:

"Nunca é grande o caldeirão, nunca é frio o bastante o gigante espumante, não obstante, o suor  escorre da tampa do mel, é o fel temperado, cevado, embriagado. Temos fé no lúpulo coisificado em uma montanha trovejante de escarpas douradas. Treliças dobradas e mangueiras frisadas irrigam, extensas que são, nossos campos dourados. Borbulha a vida quando a caneca trinca e a vitória murmura boa nova que é o fruto saboroso, que nota por nota trota na língua. Passo largo na colheita, a letra perfeita, um barril na alcova brota em brilho e realeza. Guardamos o pergaminho do luxuriante resultado, a história da cerveja."


Expoentes brasileiros:

Luciano Pires de Heineken

Uma noite de silêncio...
Uma espera delineada por dois dedos de esperança morta.
Escancarei meus sonhos destruindo todos os mil caminhos de volta para casa.
Eu gritei e me ensurdeci, berrando palavras desconexas...
Ainda existe uma cerveja gelada na geladeira? 
Murmurei,impaciente, um mantra hipotético (como se fizesse parte de um ritual mágico).
Corri,abri, derramei minha alma goela adentro...sur
tei por dois segundos, tremi,suspirei e me arrependi de tudo.
Ainda ouço o diálogo incrustado na retina.
Os segundos eternos de um apodrecer minimalista.
Ainda te amo...ouvi centenas de vezes,uma escala de cinza desaparecendo no espaço e o ruído surdo de um fechar de portas
suicidas.
Queria apenas me debruçar em dúvidas e escorraçar as tristezas, mas há uma serenidade pálida tingindo tudo...sempre.
Mais uma cerveja e os olhos saltando lágrimas das órbitas e teu retrato sussurrando passados e centenas de perdões e nenhuma
obsessão curaria agora a necessidade de me sentir lúcido.
Acabou.
Mais uma noite breve e estanque, mais uma cicatriz jorrando crenças.
(e ainda lembro da vontade quase patológica do teu beijo) 
Quanto tempo se passou desde que me tornei um anjo decepado cuspindo medos por todos os poros?
Ainda assim é cedo.
E minha alma,cega, vaga por entre os trens e estações e se perde entre as almas e sonhos, demasiadamente viva e real.


Luciano Pires de Heineken



Cevada malteada me maltrata - Ticio Miranda Foiquefoi

Bateu uma badalada, apenas uma lata tomada, duas badaladas duas latas
tomadas, três badaladas, três latas tomadas, quatro badaladas, quatro latas
tomadas, cinco badaladas, cinco latas tomadas, seis badaladas, seis latas
tomadas, sete baladadas, sete latas tomadas, oito baladasda, oito latas
tombadas, nove baladas, nove latas tomadas, dez latas badaladas, dez tomadas,
onze lombadas , onze badaladas em lata, doze badaladas o cavalo arranha-céu
com quatro  braços, tomou de minha mão, em suspensão, a cerveja última,
quando encerrou o prazo do relógio no átrio, abraçando a meia noite, o desafio perdido.
Me maltrata cevada, maltrata um maltrapilho.


 Ticio Miranda Foiquefoi

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