segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

A primeira pendura da história e o primeiro fiado também. (Brasil, 1900's)

 


Seu Leleco, tô levando aqui hum quilo de farínea, mas estou exhausto de réis até a semana outra. O que fazer?
O que fazer, eu que pregunto, Madureira. Tal que tu não levar o pacote?
Ah, tive uma idea de prompto. Vês o varal aí sobre teu cocuruto?
O penduricalho de salames?
Perfecto, Seu Leleco. Signore, ao invés de pendurar salame, pendura a minha conta aí nesse varal, com minha assignatura bem notada. Que todo cavallieri que passar saberá o bife de minha dívida.
Pendurar no varal?
Pendura, Leleco.
Pendurar a conta?
Isso, Seu Leleco. To indo, viu?
... pendurar, então...
Até breve, Leleco!
...Oe...
 
NOUTRO DIA 
 
Tarde, amigo. Eis que me recomendam e cá estou. É esta a mercearia do signore Leleco Borbas?
Muito bem vindo, augusto cliente. Estas no local certo! Por onde posso servi-lo?
Cá pela frente, em minha boca! (rysos) Serve-me uma branca das boas.
Pronto!
Delícia. Estou arripiado.
10 merréis, meu dilleto.
Sim, sim... sim...sim... Vê a minha casaca? Ora, ora, a ponta anda a solta! Que cousa, hein? Podes segurar este fio, por obséquio?
Este?
Sim, sim... Aperta forte que vamos resolver. Avançarei pela rua e o senhor faz fiado dele. Está vendo?
Está a perder o trabalho da custura, quer que corte logo?
Não, só segure que vou até a praça pra ver se não me enganaram no tamanho.
Está desfiando, hein! Oi, senhor?
NÃO SE PREOCUPE, FAZ O FIADO QUE JÁ RETORNO!
Mas, meu caro... Bem, lá já foi! Ficaras sem teu casaco e ficarei com o fio fiado. Hummm... Mas... Oe...

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