quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

A montanha de confeitos



Um rosto do tamanho do continente africano irrompeu no céu, brilhando uma pele prateada repleta de estrelas rosas e azuis. Todas as nações do planeta caíram no mais absoluto caos. Ninguém tomou a frente da situação. Aquele eclipse, psicodélico e bizarro, após horas sem movimento, falou. 

A voz encantadora foi compreensível à toda babel terrestre.

"Bom dia, nação humana. Sou Act Manas de Júpiter. Venho em paz. Celebraremos o aniversário de 1 dia de minha filha, Det Manas. Preciso de um punhado de pequenos confeitos para salpicar no bolo. Irei recolher os antigos confeitos crocantes no solo deste planeta, mas lhes deixarei com os frescos da superfície. Desde já, lhes agradeço!"

O rosto sumiu e, em seu lugar, poderosos dedos vermelhos desceram como pinças, tão altas que não tinham fim no céu.

A Terra tremeu em todas as partes, enquanto aquela mão jupteriana afundava-se em pontos específicos do globo, chafurdando lentamente.

Em meio as inevitáveis carnificinas do pânico, subiam os confeitos para o bolo. Aqueles finos dedos habilmente separavam as ossadas dos cemitérios. E os crânios humanos empilhavam-se às centenas de milhares em um único ponto de um deserto.

Quando a montanha de crânios rivalizou com a altura do Evereste, tudo foi recolhido para o infinito espaço sideral com um golpe sutil da palma vermelha do gigante.

E os terráqueos, cabisbaixos, sentiram fazer parte de algo maior, pela primeira vez. A humanidade era o confeito do universo.

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