Sentado no quebra mar avistei uma carcaça humana. As ondas desembarcavam
encavacadas, borrifando espuma e algas quebradas. Pus os pés na areia, no único pedaço estreito que faltava para a
água cobrir. Afundei um pouco. Uma cabeça podre flutuou mansa; e aqueles esparsos cabelos em tufos sugados tocaram o peito do meu pé.
Pulei no quebra mar, tomado pelo nojo. Saltei sobre a barriga inchada do cadáver. SPLUSH. Um recheio verde musgo salgou todo o meu corpo. O vento aumentou a vazão e
empurrou em minha boca um creme azedo que não identifiquei. Raivosamente
sapateei na carcaça. Oleaginosa, desfez-se. Voltei para casa. Pus refrigerante
no copo. Abandonei o copo na pia. Algo me encucava. Abri a geladeira e
retirei um frango frito de duas luas atrás. Desfiei a carne mofada e, com um
osso bonito em mãos, mergulhei-o no copo de refrigerante. Dormi. De manhã tirei
o osso do copo e o apertei. Oleaginoso, desfez-se. Encucado, pensei:
"Preciso fazer mais testes".
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