quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

O trote BUM






Ele subiu dois lances de escada. Parou ofegante na entrada do corredor. Ajeitou o terno, limpou o suor da testa e passou a mão esquerda por cima do cabelo liso e lustroso. Respirou fundo e avançou. Passou duas portas, na terceira se deteve. Numero 69 em dourado, bem pequeno. Revirou os olhos e balançou a cabeça lentamente de um lado para o outro perscrutando as duas pontas do corredor. 

Voltou a encarar a porta branca em sua frente. Sorriu. E seu sorriso foi carregado de sarcasmo e birra. Soltou um riso inaudível. Ele quis esfregar uma mão na outra, como um sinal de empolgação com o que viria a seguir, um clássico. No entanto, seu braço fino e comprido estava torcido por trás do corpo, espalmando uma bomba redonda e lisa, do tamanho de um melão. Ele tocou a campainha duas vezes seguida. O trinco fez um barulho de tilintar. Ele acendeu um curtíssimo pavio e começou a grunhir o riso preso na garganta. Seus olhos brilharam. A maçaneta girou. Dois palmos de vão surgiram e o velho espiou a visita.

- Pois não?
sssssssssssssssssssssss
- Senhor Cardosinho?
ssssssssssssssssssssssssssssssssSSSSSSSSSSSSSS
- Não, não. É no andar de baixo.
SSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS
- OH MINHA MÃE DO CÉU!
E o homem do terno trouxe o braço à frente do corpo e molhou de saliva o indicador e o polegar da mão esquerda. Mas não deu tempo...


...BUM!

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