Ele subiu dois lances de escada.
Parou ofegante na entrada do corredor. Ajeitou o terno, limpou o suor da testa
e passou a mão esquerda por cima do cabelo liso e lustroso. Respirou fundo e
avançou. Passou duas portas, na terceira se deteve. Numero 69 em dourado, bem
pequeno. Revirou os olhos e balançou a cabeça lentamente de um lado para o
outro perscrutando as duas pontas do corredor.
Voltou a encarar a porta branca
em sua frente. Sorriu. E seu sorriso foi carregado de sarcasmo e birra. Soltou
um riso inaudível. Ele quis esfregar uma mão na outra, como um sinal de
empolgação com o que viria a seguir, um clássico. No entanto, seu braço fino e
comprido estava torcido por trás do corpo, espalmando uma bomba redonda e lisa,
do tamanho de um melão. Ele tocou a campainha duas vezes seguida. O trinco fez
um barulho de tilintar. Ele acendeu um curtíssimo pavio e começou a grunhir o
riso preso na garganta. Seus olhos brilharam. A maçaneta girou. Dois palmos de
vão surgiram e o velho espiou a visita.
- Pois não?
sssssssssssssssssssssss
- Senhor Cardosinho?
ssssssssssssssssssssssssssssssssSSSSSSSSSSSSSS
- Não, não. É no andar de baixo.
SSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS
- OH MINHA MÃE DO CÉU!
E o homem do terno trouxe o braço
à frente do corpo e molhou de saliva o indicador e o polegar da mão esquerda.
Mas não deu tempo...
...BUM!