terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Mabel & Jodô - Musical



Você aprendeu a gostar de musica com quem, Mabel?

Gostar? Isso vem desde o nascer, concorda? Ampliar as cores do som, aí pode ser.

Sei. Mas não dá pra fugir muito de fórmulas com musica, concorda?

Pega ai no seu celular, M&J Experimental Jazzcore Coörporation pouch face.

Toma. Digita você essa coisa.

O que sente?

Terrível.

Isso é musica pra assistir, Jodô. Nem toda musica é pra escutar. Isso que aprendi. Tem também musica pra mastigar. Mastigar e assistir, as duas partes do ouvir que poucas pessoas conquistam.

Está me dizendo que isso é uma faculdade que adquirimos? Eu prefiro você poetisa.

Eu prefiro você poetisa, me alisa, poetisa, realiza o desejo que deixo no ar! No aaaaaar.

Caramba Mabel, baita improvisação. Isso é musica.

Oui, Jodô. Tá mais pra uma Jenecização.

Lembrei, garota! Pianos são pra assistir.

Pianos? Ah, eu não sei.

Sim, são. É algo totalmente visual. Entre uma turma de amigos, por exemplo, alguém tem sempre que aprender a tocar piano. Não tem nada mais apaixonante e vibrante que ir numa festa numa casa que tenha um piano e um de nossos amigos sentar em frente ao piano e começar a tocar. Qualquer coisa, desde que seja bem executada, refletindo o espírito do momento.

 Seria gracioso alguém ter um talento secreto e resolver demonstrá-lo de surpresa. É... Bem providencial. Eu poderia admirar algo do tipo.

De surpresa, Mabel. Exatamente. Posso até chamar isso de “Piano Surpresa”.

  “Bongô Surpresa”. Eu tocaria bongô.

  Bongô? Piano é muito mais estiloso. Veja com seus próprios olhos aí, quantos pianos na grama.

  Uma reunião de pianistas? Ora, que bela caminhada a de hoje.

  São classudos.
 

Oui, Jodô. Agora, imagina se você chegar numa casa, ansioso pra revelar seu dote no piano e se deparar com um teclado daqueles que usam em forró, Techno brega, sei lá o que mais, e começar aquele “Final Countdown” com ar de festa de casamento? Decadente, amigo.

Óbvio que eu esconderia o dote musical diante de tão tenebroso instrumento. Um insulto aos teclados. 

Pelo menos aquela trilha do Ayrton Senna ...

Olha só, isso até pode ser. Nesse caso o certo é tocar, sorrir, brindar, entornar a bebida e sair voando da frente do teclado. Aí é uma boa lembrança que fica. Alias, você tem idade pra lembrar do Ayrton Senna?

  Dezenove. Oui?

  Oui, madame.


  Se pudéssemos colocar som no espaço, no momento da criação de uma supernova, numa tempestade solar, na passagem de um cometa ou no choque de um meteoro num planeta gasoso, como seria o som? Como soaria?

  Como assim, “colocar som no espaço”?

  Sim, quero dizer, o som como o percebemos, sentimos, não existe além da nossa atmosfera. O som não se propaga no vácuo. Não é isso? Se o som pudesse viajar em movimento perpetuo até as estrelas, e além delas, como soaria aos nossos ouvidos?

  Talvez como algo que nunca antes tenhamos escutado. Uma melodia incrível que nosso cérebro não possa processar. Ficaríamos loucos ou surdos, ou ambos. Seria um acorde, um estampido que nenhum instrumento da Terra jamais emitiu. É quase impensável, Mabel.

  Ou pode ser igual aos nossos instrumentos. Pode até mesmo ressoar como uma canção dos mutantes.

  Se apostasse nisso, diria que o som de uma supernova soaria como algo composto por Bach.

  Isso é a comparação que todos fariam.

  Muitas vezes as coisas são óbvias, garota.

  Imaginar o som do universo, que é mudo, não é óbvio! Não pode ser...


  Eu posso concordar com isso, mas não me apegaria a isso. Estes pianos são lindos, todos eles e suas melodias. É algo que o universo não pode escutar.

  Mas ele observa a nós, os mímicos, em nossos afazeres barulhentos.

  Barulho, som, musica, não estão estas palavras no dicionário dos viajantes da galáxia.

  Não em geral, pois a NASA deve ter musica num foguete.

  É... Deve ter Bach.

  Não, muito óbvio.

  Talvez... Óbvio... Demais!

  Escuta essa agora, Jodô, Hidden Orchestra Vorka

  Gostei mais. Até quase te entendo, poetisa.

  Nunca é óbvio demais, Jodô.

Queria saber quem mexeu no seu queijo musical.

Oui, Jodô.



Obrigado por um 2014 de 12 mil acessos (preciosos)

Boa passagem de ano a todos. Beijos e abraços do AstroMiau


ZUMP

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

O ano da giria

Brasil -  -  2078
Soqualó malcus? Dibuoas hojis?
Vasi shopin roléste?
Vamusu.

No Shopping.
Irandos es teniscutis da Nike.
Caroabeças, nenefudendolis que pagolé
Boralis chustipa cascalinhas no Mc Donalds?

No Mc Donalds
Quatrenti doletaris.
Ficatiu trocolhes
Bringantium, tium.
Vasi Livratis pra livrotis?
Vamusu.

Na Livraria.
Ques ques sá poura?
Dictionarem dis giritobas antigudas.
Chaves issa ê...
Humm, saquis sóts: "Chapado, bagulho, passinho, caô, tá ligado, caraca, pegação, siliconada, happy hour, babado, huehue"
Poutista grilates! Ridicutum. Coisatis dig véiosis.
Potis escrer, véi.
Véi?
Taquis no livrotis.
Affff...

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

5 filmes nacionais que já deveriam estar nos cinemas:


MC Foguete e o Pancadão do Tempo
O carioca MC Foguete achou que aquele seria mais um baile comum, mas ao derrubar vodka com energético numa das caixas de som, foi transportado para o ano de 1940. Apesar das diferenças, ele começa a moldar uma nova cultura apresentando suas letras de funk.
Comédia - 90 min.


Festa Junina - A origem
Dona Maria não sabia o que fazer com tanta pamonha e sua vizinha Clorinda não sabia o que fazer com tanto cuscuz. Resolveram então consultar o Padre Bento que não sabia o que fazer com tantas bandeirolas. Eles não sabiam, mas aquele era o inicio de uma tradição que invadiria o Brasil.
Comédia - 120 min.


Uma vez morei na Marginal Tietê.
O engarrafamento na pista expressa da Marginal Tietê bate mais um recorde: dois anos. Quem está na pista, lá estabelece moradia. O repórter Donato mora em um Santana há seis meses, parado na altura da ponte Aricanduva. Um dia algo quebra sua rotina. Os pneus dos carros estão desaparecendo, ao mesmo tempo, o nível do rio sobe, apesar da falta de chuva. Donato começa uma investigação.
Suspense - 105 min.


This is Caipirinha?
Heinz Heike vem para o Brasil com uma missão: descobrir como se faz uma caipirinha. Com o conhecimento em mãos, pretende enriquecer na Europa. Quando lhe dizem pela terceira vez que a receita leva apenas açúcar, cachaça e limões, tomado pela fúria, começa uma trilha de tortura e assassinatos, até que consiga uma resposta verdadeira.
Suspense/Horror - 83 min.


E aí, gourmet?
Jovens universitários formam um grupo pra entrar num concurso de comidinhas gourmet, imaginando terem a receita mais inovadora. Mas as coisas não são tão fáceis e logo eles descobrem que a concorrência tem alguns truques bem surpreendentes. Rechear salsichas com pudim não vai ser o suficiente.
Comédia/ Aventura - 3D - 145 min.

.
 

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Ą̧̯͈͖̞͜L̯̖̺͓͓̥̜I̫̹̦͓̖̻͙M̮̞̩̬̯̲ͅĘ͇̟̥̥͚̗N͉̫̯͖͕̳̣T̥̹̼͙̯̩ͅO̧̟̭͖̹̠͜





ķ̪̬̞͇̺̬̰̣͊̽̑̋̈́̏̈́̑̿̊͜á̛͔̭͖̲̞̠͔̞̘̩͊̽͂͒̈́̕͘͝ṣ͇̜̯͎̮̻̤̗̜́́̎͗̏̆͛̑͝͠j̨͎̬̠̹̯̤̪̩̰̅̆͑̽͗̇̽̿͊̓ĥ̨̡̨̜̙͔̮̬͈̯̌̑͂̈́̐̏̊̐͝f̧̧̢̛̼̹̜̫͇̤̗̓̏̓̏͊̋̀̄̕a̧̧̛͍̲͍̭̜̖̠͉̓͆̄̌̿͋͐̚͠ḱ̢̨͙̹̗̞̲͕͖̺̒̋̍̄͋̈́͋͘̕ğ̨̮̯̦͈͇̞͍̝͛̅͊̃̄̽̅́͝ͅv̢̝̝̰͓̦͙̭̪͓́͐̈́̂͛͗̏͗̕͝
Onde ele está?ķ̪̬̞͇̺̬̰̣͊̽̑̋̈́̏̈́̑̿̊͜á̛͔̭͖̲̞̠͔̞̘̩͊̽͂͒̈́̕͘͝ṣ͇̜̯͎̮̻̤̗̜́́̎͗̏̆͛̑͝͠j̨͎̬̠̹̯̤̪̩̰̅̆͑̽͗̇̽̿͊̓ĥ̨̡̨̜̙͔̮̬͈̯̌̑͂̈́̐̏̊̐͝f̧̧̢̛̼̹̜̫͇̤̗̓̏̓̏͊̋̀̄̕a̧̧̛͍̲͍̭̜̖̠͉̓͆̄̌̿͋͐̚͠ḱ̢̨͙̹̗̞̲͕͖̺̒̋̍̄͋̈́͋͘̕ğ̨̮̯̦͈͇̞͍̝͛̅͊̃̄̽̅́͝ͅv̢̝̝̰͓̦͙̭̪͓́͐̈́̂͛͗̏͗̕͝




k̨͎̼̻̟̖͈̻͔͌̽̃̽͐̃̂͊̿͝ͅl̢͙̭̥̩̺͔̺̳̯̑͒̄̍́̒̈̑̋̚ȧ̧͖͍̱̦͕̤̩̜̤̆̑̇̆̅̽̊͝͝ȟ̡̧̛͓̱̥̪̟͈̠͕́̍̈́͊̔̚̕̕s̢͓̙̬̲̯̞͍͕͐̔̓͂̍͛͐͛̓̕͜h̛̞̮̞̰͚̼̪̦͊́̾̾̅̑͘͝͠ͅͅf̡̢̖͇̟̦̜̜̮͔̂̅̉͆̍̄͑̅͂͑g̢̛̤̪̠̫͎̙̮̫̣̎͑̈́̄̀̄̄̚͝f̡̹̥͚̟̩̬̖̬̺̃̔̈̇̍̎͆͌̂̒ą̥̘͍̟͙͓̗͇͙̈͐̀͌͂̂̅̾͝͝k̦̹̫̤̺̙͔̬̫̲͆͆͊̉͐̓̎͛̚͠ẖ̙̰̺̯̮̲̫̱͎̆͛̄̏̿̑̀̇͋̈́k͙̥̣̞̮̪̙͎͔͉̇̈́̑̾̌̀͌͌̏̐a̪͕̫̖̟̝̞͍̺̪̽͂͑̋͑̅̓͑͠͝h͙͓̻̭̙̤̝̙̬̹͐̔̿̋̀̄͒̒͠͠ģ̡̘̝̤͍̗̻̻̔̊̔̽͐̽́̈́̓̚͜h̨̡͉̤̬̻͖̗̪̦̿̓̌̇̍̎̈́̄͠͝ą̛̛̻̩̟̞̣̻̩̦͓̓̇́̽͛̈́͋̄k̢͖̫̥̎̽͗̒̄̈̍͐̑͝
Através do cedro, após a grande rocha.ģ̡͔͎͚̺͚̳̟̦̆̍̈͋͑̓́̕̕͠f̢̹̩͕̰̜̳͔̫͖̅͊̊̃͋͌́̃͊̀ǎ̛̳̲̟͈̲̜͎͕̼̊̂͐̍͘̕͜͝͠k̢̰͉̬̼̖̞̲̺̣̿̽̌̈́̏̿͗̒̕͝g̫̞̺̣̙̺̹̞͙̍̄̐̑͋̽̄͊̉͜͠h̪̹͔̪̠̖̬̠͍͌͗̇̃̌̐̔͗̅̕͜g̢̦̖͎̠̣̠̬̔̆̊̓̔̈̽͆̚͜͝ͅa̲͕̜̥͙̟̲̮͈̱͂͋̾͗̓̑̒̇͠͝


 

ẕ̨̰̣̻̱̠̮͔̻̋̊̀̈́̽͆̅̓̈́͝ì̤̯͎͇̩͚̻̟̺̟͂͂͑̀͆́̈́̋͘m̱̰̠̹̣̟̠͈̣̭̒̊̈̋̓̂̈̊̓͊
Sim! ẕ̨̰̣̻̱̠̮͔̻̋̊̀̈́̽͆̅̓̈́͝ì̤̯͎͇̩͚̻̟̺̟͂͂͑̀͆́̈́̋͘m̱̰̠̹̣̟̠͈̣̭̒̊̈̋̓̂̈̊̓͊
 

Os braços de cristal aumentaram o brilho esverdeado e, esticados para o alto, reverberaram. Dedos cinza e escamosos tocaram-se, formando um triângulo. 



ȇ̢̮͈͖͇̹̺̙͕͔͆͒̋̿͐͆́̆̌s̳̱͉̝̘͖̺͈̳͍̋̓̓́͋̀͂̕̚̕l̨̹̲̠̝̣̜͍̼̘̏͗̀̅̃̃̌̐̕͝s̥̟̠͓̥̲͔̦͔̞͗̂̓̏̊́̂͝͝͝ ̥̭̣̙̘͚̮̜͍͎̊̐̋̀̏̇͐̕̕͝ĺ̨̢̮͔̲̬̳͇̗̖̓̀̉͗͆̔̉͘̚k̩̙̰͔̱̼̳͕͔͙̈́̽̓͛̄̀̓̇̕͝a̮͉̫̺̻̫̻̣͔̺̽̉̾̇̿͐̈́̏̕͝s̨̨̗͈̰̱͈̩͚̹̃̀̂͛̋̔̋̓̀͘d͇͚͉̠̩͚̬̰̮͍́͗̈́͊̐̂̎̎͋͝
Está pronto. ȇ̢̮͈͖͇̹̺̙͕͔͆͒̋̿͐͆́̆̌s̳̱͉̝̘͖̺͈̳͍̋̓̓́͋̀͂̕̚̕l̨̹̲̠̝̣̜͍̼̘̏͗̀̅̃̃̌̐̕͝s̥̟̠͓̥̲͔̦͔̞͗̂̓̏̊́̂͝͝͝ ̥̭̣̙̘͚̮̜͍͎̊̐̋̀̏̇͐̕̕͝ĺ̨̢̮͔̲̬̳͇̗̖̓̀̉͗͆̔̉͘̚k̩̙̰͔̱̼̳͕͔͙̈́̽̓͛̄̀̓̇̕͝a̮͉̫̺̻̫̻̣͔̺̽̉̾̇̿͐̈́̏̕͝s̨̨̗͈̰̱͈̩͚̹̃̀̂͛̋̔̋̓̀͘d͇͚͉̠̩͚̬̰̮͍́͗̈́͊̐̂̎̎͋͝



 Encostado no limo da rocha, Jocelim deslizou trêmulo até o chão de folhas secas. A imensidão de um frio súbito lhe esvaiu o restante de força que acumulou durante a madrugada. Tateou seu casaco e apertou o rádio comunicador. Estática. Mudou o canal. Clicou.

― Pai? Eles chegaram. Leste, na pedra do tamanduá.

Ruído. Uma aurora verde neon cresceu na copa das árvores. Uma acauã gritou três vezes antes de sumir na vegetação.

― Pai?

Mudou o canal. Clicou. Estática.

De dentro da rocha a mão cinza brotou e lentamente uma perna translúcida e venosa surgiu. Jocelim encolheu-se a poucos centímetros daquilo que trespassava o limo. 



G̛̞̞̻̘̰͙̩̘̺̝̏̓͌̿͋̎͒́͝ų̛̯̺̗̗̰̱̬̭̄̈́̾̈͗̓̀̏̚͜n̛̜̖̝̲͖̦͇͚͇̲͑̑̄̏͗̃͋̿̒h͎̬̥̗̮̼̻͖̩̎͒͐̑͛̔͒̈́̀͜ť̡̢͖͖̮̩̞͔̜̮͆̀̓̇̆͆̓̈̚l͉̳͓̬͖͔͎̻̮̠͗̈́̃̅͘̚͠͠͠͝á̧̨̯̪͎͉̭͙͙̿͋́̀̊̑͑̕͝ͅs̡̬̦̺͕̻͍̯̲̬͒͐͒̋̆̂̅̈́͠͝?͓͔̳͈̦̥͉̭̝̺̓͛̀̿̽̊̓̋́͋ ̨̨̛̟̭͖̖͔͙̻͎̃̐͐̽̋̈́̉̔͠H̡̦̥̤̙͉̹̣͇͇͆͂́̔͛̏͌̚̕͠j̧̰̥̰̗͇̜̖̱͇͐̀͂́̋̓̓͐̋̎a̡̡̨͉̺͍͇͉̠̎́̋̐́̿̆͗̈̑͜s̠̯̳̙͍͕̫̦̓̀̽̎̓̒̆̆͗̅ͅͅ  Controle? Captura.  G̛̞̞̻̘̰͙̩̘̺̝̏̓͌̿͋̎͒́͝ų̛̯̺̗̗̰̱̬̭̄̈́̾̈͗̓̀̏̚͜n̛̜̖̝̲͖̦͇͚͇̲͑̑̄̏͗̃͋̿̒h͎̬̥̗̮̼̻͖̩̎͒͐̑͛̔͒̈́̀͜ť̡̢͖͖̮̩̞͔̜̮͆̀̓̇̆͆̓̈̚l͉̳͓̬͖͔͎̻̮̠͗̈́̃̅͘̚͠͠͠͝á̧̨̯̪͎͉̭͙͙̿͋́̀̊̑͑̕͝ͅs̡̬̦̺͕̻͍̯̲̬͒͐͒̋̆̂̅̈́͠͝?͓͔̳͈̦̥͉̭̝̺̓͛̀̿̽̊̓̋́͋ ̨̨̛̟̭͖̖͔͙̻͎̃̐͐̽̋̈́̉̔͠H̡̦̥̤̙͉̹̣͇͇͆͂́̔͛̏͌̚̕͠j̧̰̥̰̗͇̜̖̱͇͐̀͂́̋̓̓͐̋̎a̡̡̨͉̺͍͇͉̠̎́̋̐́̿̆͗̈̑͜s̠̯̳̙͍͕̫̦̓̀̽̎̓̒̆̆͗̅ͅͅ
 

O jovem esfregou o rosto. De pé na rocha, outra criatura, como um farol, despontando com os braços rijos pra cima, emanando a luz verde neon.  Transpondo a pedra totalmente, um duplo, sem luz, apenas os braços de cristal. Ambos com a face azul achatada, buracos negros encimando o nariz pontiagudo.  

― Carlão, pai, pelo amor de Deus! ― O comunicador vazou por entre os dedos de Jocelim, sumindo nas folhas do terreno. Seus pés patinaram na argila.

Cercaram-no. Os cabelos de Jocelim caíram rapidamente, a sobrancelha rareou. Pela face suada colaram-se todos os fios descendentes. A criatura inclinou o tronco. Estendeu a mão esquerda no topo da cabeça e um pequeno cubo de metal materializou-se girando no ar. 


   "Seu fim" f̡̢̨̢̨̨̢̢̛̛̠̭̜͇̫̪͉̰͎̞̭͎̗̦͈͕̦̮͍̞̦̞̻̲̗̰̖̥͍̪̺̳̯̯̞̱̹̣̰̙̞̓̾̃̒̏͌̒̆̈́̈͋̀̍́͛̌̿̍͂͗̅̌͐́̔͂͒͑́͋̊̈́̾̚͘̕͘͜͝͠͝į̧̡̟̦͉͔͉̳͉̗̺̠̠̩̗̟̩̤̹̯̜̤̱̖̗͉͎̜̝̞̺͎̗̺͙̗̬̤̮̠͉̤̥̜̬̩̏̎̓͛̽͂̉̒̉͋̋̆̃̾͆̅͒̍͋̃̐́̀̉̿̊̀̇̓̒̅͋͂̏̈́̀̎̎͐͌̋̈͘͜͠͠͝͠͝ͅͅt̨̜̻̫͕̹̭̰̯̱͚̞̯̜͇̩̹͈͉͎̳̫̣̰̹͖̫̞̰͉̩̙̥͖̑͋̎́̈́́̎͋̂̀̇̃͐̍̆̆̈́̈́̊̓̋͛̋͊̀̈͐̀͊̑̓̊̑͛̅̿͊̑͐̓͊̏̑̀̚͜͜͝ͅ ̢̮͎̞̫̯̙͔͖̮͓̲̜̥̣̲̭̜̟̟͓̗̻̣͍̞̮͚͚̙̾͆̈́̒͑̂͊̐͆͛̊͒̍̓͋́̈́̍̂̄̔̊̉̽̈́̾͊̽̃͛̚̕͝͝͠͝ͅṭ̢̛̩͈̞̻̯̺͚̩͉̪͕͇̦̱̙̯͍̱̳͍̖͎̦̦͖͙̰̪̤̊̓͋̄̅̆̓͆͂̇̃̉̃̈́̃̑̔̌̾͊̎̏̊͐́̿̌̈́́͒̂͐̃͋͘̚͠͠ư̡̧̡̧̧̰̳͓̹̹͔̗̞̳̼̙̹̺͖̜̭͚̪͕͖̫̙̖͖͖̱̻͙̲͈̰͇͖̹͔̬̻͂̅͆͗́̔͛͒̽̌̇̈̌́͛͗̋̐̃͗̑̃͗̍̄̒̅̀̽̔́̈́̆̀͘̚͜͝ͅ

 
A voz polifônica agonizou os tímpanos de Jocelim. Uma bala rasgou  a coxa gelatinosa daquela ameaçadora presença, desequilibrando-a. De três pontos partiram mais tiros, triangulados, varando os corpos. Aquele que iluminava a floresta tombou sobre a grande rocha. Nos braços de seu par, alçou o cubo flutuante. Um facho de energia subiu do objeto até a copa das arvores e um forte zumbido ecoou.

― Agora, Vardo! Enfia a faca!

Dois homens encharcados em suor acompanharam Vardo. Suas espingardas tremiam. Um deles pegou Jocelim no colo.

― Ele está chamando a nave! Acaba logo com esse bicho.

Um dos homens cortou os dedos afunilados daquele que segurava o cubo e este caiu no chão, afundando imediatamente. Uma espaçonave imensa acendeu no céu e os homens apontaram suas armas.

― Vamos cortar no barracão?

― Separa as cabeças, pelo menos, Carlão.



"Aniquilaremos, caçaremos" "ḉ̸͖̠̤̱̣̲̂̆̔͆͌͘h̷̡̛̠͎͇̙͙̣͛̌͑̽̈́̚į̶̜͖̬̝͖̬̂̈́͆͑͂̈́͆l̴̝̹̠̬͇͓̲̒̈̈̑͛̅̄l̶͖͓̰̬͕͎̟̉̽͊́̑͐̕ ̸̨̯͕͔̲̲͔̊̍͐̐͗̕͘c̴͉̠̟̼̜̯̥̈́̂̊́͊̅̚ḩ̷̞͍̮̰̩̱͐͊̋͂͒̌̉į̷͖̗̦̟͕͆̓͆͑̎̈́̚͜l̴͈̯͈͉̣̮̰͌́̂͒͂͊̃l̸̛̲͙̜̮̙̠̥͋̏̈́͐͐̕ ̵͙͍͎͕̻͎̊̆̄̈́̌͗͊ͅa̸̢͉͓͙̟̗͙͊̆͒̄̐̂̋l̵̨̺͙͚͎̥̜̓̄̿̔͂̃̇l̵̝̥͈͎̰͇̃̐͛̍͒͒̚͜ ̴̗̗̹͕͉͔͔̈́̇͂̆͆͋̕ą̸̩̼̖̹͓̃̅͐͐̍͛͜͝l̸̢͎̗̯͎̰̦̏̉̀̄̚͘͘l̵̟̱̺̬̲͈̞̋͋͑͊͋͐͗


O som tormentoso da voz invadiu a mente de todos. Sebastião, o terceiro homem, arregalou olhos amarelados e raivosos para o extraterrestre. Encostou o cano da arma numa das cavidades negras do horrível rosto e atirou. Toda a iluminação apagou-se. Breu na floresta.

― Vamos correr.

Arrastando os extraterrestres, os homens andaram por alguns quilômetros até alcançarem uma cabana de lona. Penduraram os dois corpos num varal de arame e sentaram exaustos no chão. Jocelim, debilitado, adormeceu. Os três permaneceram vigilantes pelo restante da madrugada.

...

Fita 05 - 11/12/2014 - Trecho gravado por Luís Borges para a Revista UFO's

...



“Meu pai vende aqui na feira e toda a vizinhança já comeu. Os gringos procuram bastante.”
“Eu não os conheço, são turistas. “
“Quando vamos caçar? Quando vamos, Sebastião?”
“Olha... Daqui um mês mais ou menos.”
“Depende das luzes no céu. Mas você pode ir.”
“Nunca veio reportagem aqui. É bom mesmo você vir.”  
“Eu acho que eles vêm aqui pra caça nóis!”
“Abizi, abudi; Como que fala?”
“Abduzir, pai.”
“É. Parece que eles querem levar a gente.”
“Eles não sabem ― Risos ― Mas é a gente que rasga o bucho.”
“Eu luto pra não comer essa coisa, que é o nosso sustento financeiro. Mas é gostoso. A gente sabe.”
“Quase tudo nós aproveitamos. Só os braços de pedra que enterramos.”
“O meu menino tá com câncer e foi essa parte do ET que adoeceu ele. Pode tê certeza. Mas não tem arrependimento em casa. Pra caçar tem que ir todo mundo. Não é, Carlão?”
“Eu mesmo só como a boca. Carnuda que dá gosto. Parece uma buceta, é verdade. Uma bucetinha azul com gosto de limão. Com gosto de limão, imagina”.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Mano do céu - Favelamiomáquia.


Domingo - 14:00 - Morro da Bombinha Verde - Churrasco do Bolão.

"No samba ela me disse que rala..."

Parô, parô! Abaixa o som aê, Guevara.

Qual a bótica, Zidener? Parô pusq?

Bolão ergueu o triplo queixo enquanto virava o espeto de alcatra. Viu o pequeno alvoroço no meio da laje. A fumaça subindo forte.

A tia Hebe tá tribuchando no chão.

A tia Hebe tremendo e da boca a farofa  metralhada pro alto. Os caracóis alourados dançando no chão.

Chama lá o doutor médico, Pituzinho. Corre, caceta!

Afasta, irmão. Afasta.

Pastor Aparecido foi pisando e marcando território, de modo a abrir um circulo no contorno da tia Hebe.

Ela tá engasgada com os osso do frango, pastor.

Afasta, irmão.

Aguenta, que Pituzinho foi chamar ajuda.

O pastor ergueu a mão rija pro alto e desceu-a violentamente. Era seu sinal de silêncio. E a mulher agitando no chão chapeado de cimento.

Isso é demônio, irmãos.

Deus é maior, pastor.

Sangue de Jésu, tudo poderoso.

Dj Guevara ameaçou um rap das antigas mas cortou a função, tão logo Bolão lhe fez um sinal negativo.

Então, pastor, vai ti partir pra zap e sete copa na tia?

Vou, Bolão. Vou dar início ao ritual do exorcista poderosíssimo acaju.

Treze "Pai Nosso" e duas caipirinhas depois, o pastor juntou o material pro rito.

Falta o vinagrete.

Manda o vinagrete na mão do pastor, Pituzinho. Espera! Porra, Pitu! Tu não foi não buscar o médis?

Saca, véi, nem tinindo ele tava na goma, aí tal e pá, fiquei sabendo dos rolê na praia com altas gata em teto de zinco quente.

Saquei. Altas referências.

E todo mundo sacou e era muita sacanagem. Naquele momento no entanto, a medicina não salvaria uma pobre mulher possuída pelo escalão do inferno, como afirmou o pastor Aparecido.

E não só é belzebu, como conde Dooku e salsi fufu. Isso é influência da televisão.

Começa a bodega, pastor. Alcatra ressecada é de foder.

E Bolão tacou mais carvão.

Em nome do todo poderoso sangue de Jesus, do trono de Yeshua, parta dessa tia Hebe, dragão da inflação, boleto atrasado do inferno.

Girou de pé-dois o pastor, suando e gritando. Parou, pegou o vinagrete.

Olha que isso aqui tá muito bom, bééél zébius.

A possuída abriu meio olho negro Coala, farejou o ar e blasfemou pesadamente.

Cebolete, hijo de puta madre.

O pastor agarrou a panela com farofa, salpicou-a no ar, abriu a pitu, assustando Pituzinho, bebeu, cuspiu a pinga, misturando-a na farofa, que caía com leveza, e neste milímetro de segundo triscou um fósforo Guarany que materializou-se no seu polegar, como prova da divindade presente naquela churrascada, e a chama explodiu.

Bota o som de Deus, irmão Guevara, que a tia Hebe foi lavada pelo sangue do amor.

Aleluia, pastô.

"Sessenta e sete patine..."

E todos comemoraram chinelando a estrutura, com a tia Hebe deitada, verde limão da cara, recuperando-se do engasgo, toda sardenta da queimadura farofenta à qual sofrera.

Saiu fraldão suculento, gente familia, gente boa.

E Bolão, um brincalhão, um momo por natureza, brincou com o pastor enquanto girava uma corrente de linguiça apimentada.

Essa é do capetão. É tipo o inferno são os outros, pastor. HÁ há há.

O pastor, escolado na escola da bobice que era, sacou o trezoitão.

By the power of Rá.

Fim de domingo.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Jodô e Mabel


Mabel, perquê jogas alfajor no rio?


Oui, Jodô. Escute-me!


Pois que sim.


Au revoir, Alfajor!


Au revoir, Alfajor!


Au revoir, Alfajor!


Au revoir, Alfajor!


Há pessoas como tu, Mabel. Poetas in loco.


Oui, Jodô. Se diz...


Não crê desperdiçar?


Oui, monsieur. Apenas estes.


Posso?


Oui, monsieur.


Au revoir, Alfajor.


Que sentes?


Vamos no caminho, comprar mais alfajor.

sábado, 18 de outubro de 2014

Pouca gente sabe (parte 2)



Xico Sá não considera "Mama África" seu maior sucesso.


Nos anos 90, a formação original era: Pepê, Neném e Bjork 


Lobão começou a carreira no interior de SP com uma dupla 
sertaneja chamada "Lobão e Lomar"


A origem do nome artístico Latino vem da infância do cantor, cercado por seus vira latas. "Adorava o som dos meus cachorros latino"


Marcelo Jeneci Je ne sais pas comment te dire! Je ne sais pas bien qui n'importe...


Parte 1:

http://astromiau.blogspot.com.br/2013/04/pouca-gente-sabe-mundo-da-musica.html

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Férias do Astro Miau

No avião, voo SP > Manaus, o piloto anunciou:

"Senhores passageiros, boa tarde. O céu está tranquilo, previsão de chegada é de 40 minutos. A companhia agradece pela preferência. Hoje tenho uma questão diferente pra vocês: O correto é usarmos história com H ou estória com E?"

Todos nós respondemos (surpresos) em coro: "História co
m H!" e demos muita risada com o inusitado da questão.

Subitamente, o avião começou a descer. A aeromoça, que estava a meio caminho do banheiro, segurou-se como pode no bagageiro. O piloto voltou a falar em meio ao chiado:

"Vocês tem certeza que é com H?" E o avião se estabilizou.


Olhei ao redor com vontade de rir. As pessoas estavam sérias. Veio a voz do piloto mais uma vez:

"Hein? Com H?"

Respondemos com mais firmeza: "Sim, com certeza."

De pronto a nave apontou o bico para a terra e a luz indicativa do cinto piscava.


Em queda vertiginosa, travei com força a minha fivela. Fui agarrado no braço pela aeromoça, que chegara engatinhando: "Pelo amor de Deus, falem que é com E"

Pouco raciocinando no pavor da queda, questionei a mulher:

"Com o E o quê? Com E o quê?"

  E, após um chacoalhão súbito, jogando parte dos passageiros uns sobre os outros, anunciou o piloto, com muito mais chiado: "Eu sempre escrevo Estória e vocês?".


Berramos por entre as mascaras de oxigênio balançando nas fuças:

"Sempre usamos Estória com E!"
 


O empuxo do avião aprumando-se no horizonte espiralou o café em meu estômago. Pela janela, vacas que deveriam estar pequeninas, apareciam do tamanho certo pra quem as ordenhava e não pra quem estava num voo comercial SP > Manaus.

"Senhoras e senhores, obrigado pela atenção, tenham um ótimo voo. Temperatura média de Manaus é de 40 graus e previsão de chegada é de vinte minutos." 


 Eu conto o caso e todos concordam que é uma baita de uma história. E isso está me causando lembranças horríveis.

 Arts Insolites HOJE e não AMANHÃ

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

A cadeira que ri e chora

A cara da cadeira risonha muda de cadeira em cadeira.

O cara que senta na cara da cadeira risonha carece de carimbos para carimbar a cadeira careta.

A cara da cadeira careta muda de cadeira em cadeira.

A cara do cara que senta na cadeira careta é justamente a que carece de carimbo!

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

terra superfluidade terra

terra preta terra barro terra areia terra mato terra berra terra velha terra nova terra cova  terra cheira terra bosta terra pisa terra deita terra dorme preta velha pisa barro cova cheira mato dorme deita areia nova berra bosta. ...

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Noticias do fim do mundo






EXPRESSO VIDA



Ano 01 / 21 de Outubro de 2014 / Edição numero 01



AMIGOS SOBREVIVENTES DO ABSURDO



É com uma felicidade esperançosa que chegamos até suas mãos com as visões do estado das coisas. Desculpamo-nos de antemão pela cópia deformada da tipografia e da qualidade deste pedaço de papel que agora seguram. É importante que mantenhamos este meio de comunicação para gravar os fatos advindos das além fronteiras. Não somos exímios jornalistas. Somos sobreviventes como vocês. E tão rápido nos recuperarmos do baque catastrófico que ocorreu ao planeta, nos agruparemos em posição privilegiada.

Do nosso observatório temos um panorama vital do restante da civilização. Nossa matéria prima é escassa e dividida por quatro direções: norte, sul, leste e oeste. Rogo para que transmitam as informações aqui contidas entre o máximo de irmãos. É de suma importância manter os registros, para que venhamos a reerguer uma nação humana e decente.

Quem lhes carrega tão precioso conteúdo é o Mensageiro. Dez mensageiros voluntários, que percorrem o árduo trajeto por entre escombros de perigos mil. Tratem com zelo o jornal e seu mensageiro. Somos todos batalhadores e ainda mais o é este mensageiro, que em sua pressa lhes deixou esta cópia do Expresso Vida. Aqui onde estamos, somos dez homens e cinco mulheres. Somados aos mensageiros, totalizamos  vinte e cinco adultos. Informem o Mensageiro da quantidade de sobreviventes que formam seus grupos. A nossa união é vital. Este é o primeiro marco. Marquem esta data.



Abraços confortantes



Senhor Vida



DEVANEIOS SOBRE A CATÁSTROFE



Lembro-me com temor da fatídica tarde as vésperas de entrarmos em 2014. Aguardava os familiares chegarem ao meu lar para iniciar os festejos fartos, de refeições gulosas e bebidas confortantes. Uma onda empolgada de vida, com muitas promessas e premissas para o ano vindouro. Eu bem sei que ninguém teria previsto de tal forma aquele som tenebroso. Afinal, o que tinham de tecnologia os governos da terra para, tal como em filmes,  saber com antecedência do risco iminente? Nada, somente uma estufada ostentação de um conhecimento arcaico. Mesmo que inevitável, merecíamos um aviso, uma palavra de conforto. Já fui mais racional, o suficiente para desprezar a vidência, o ato profeta, o misticismo interesseiro. Mas é de cair o queixo de um cético. Foi de cair para mim. Naquela tarde,  uma sincronia horrenda. A campainha ressoou aguda e, ao mesmo tempo, um zunido ainda mais agudo a abafou e as janelas tremeram. Pensei: “O que estão fazendo os vizinhos?”. Corri à porta, que estava sendo socada por algum parente em súbito desespero e  foi tão simples o ato de abri-la, para em seguida ter poucos segundos para olhar minha tia esbaforida. Atrás dela a sombra do universo, tão veloz que tirou a reação de todos. Um baque distante de nós. O suficiente para soterrar meu lar e de todos vocês, creio eu. Como retirar as lembranças de minha mente? Um observador lesado pelo objeto de estudo. Preferiria ter morrido com as massas. Mas, Deus colocou a mão em forma de concha sobre meu corpo e intacto eu caminhei pelo vale das sombras.



Amigos, nós temos pouco espaço e muito a oferecer. Na próxima leva de registros continuarei meu relato. Um sobrevivente como vocês. Será que vimos as mesmas coisas?



Santo Geraldo



A SAÚDE É O CAMINHO



Conselhos importantes de um médico



Queridos, assumi um compromisso de vida para com a vida de meus semelhantes. E mesmo na intempérie do fim do mundo como o conhecíamos, reúno forças para que possamos enfrentar as adversidades e salvaguardar o bem precioso da vida. É notável a extrema poluição causada por elementos componentes da superfície terrestre. A poeira, que cobre parcialmente nosso alcance de visão, irá assentar com o passar do tempo, é o meu palpite. O caso é que não temos tempo para esperar. Problemas básicos irão acometer nossos “cascos”. Visão turva, conjuntivite, alergias na pele, garganta e boca secas, febre, desidratação, complicações respiratórias, asma, convulsões e um sem fim de pequenos colapsos. Tenham, acima de tudo, otimismo. É de primeira ordem a necessidade de hidratar o corpo. Há muita água ainda disponível, pelo menos aqui, conseguimos coletar um volume considerável. Limpem a pele, organizem os abrigos. Não permitam o acumulo da sujeira. Sei que é difícil o momento, mas sabemos o quão importante será mantermos um ambiente saudável. Em próxima oportunidade falarei sobre bolsões de ar e filtragem. Se houver médicos entre vocês, gostaria de saber.



Doutor Marcus Genoveva Siqueira



COMIDA E ABRIGO



Juntos, vamos conseguir!



Cobertores, colchões, travesseiros. Arroz, feijão e farinha. É mais do que o ouro e a prata já foram. Sejam, acima de tudo, solidários com o próximo. Esqueçam a palavra monetária. Não façam com que itens básicos virem moeda de troca. Não quero acreditar que ainda reste a mesquinhez do ego em um tempo bravo como este. Ponderem e sobrevivam.



Graciela Ramos 



UM GOVERNO, UMA NAÇÃO



É disso o que precisamos. Todos de acordo? Não sei, mas aqui entre nós, os novos comunicadores, somos a favor de uma rédea racional para guiar a sociedade. Particularmente, creio que a democracia não será a melhor saída. A verdade é que, num primeiro olhar, constata-se tristemente que a humanidade está à beira da extinção. Necessitamos de um líder nato, conhecedor, centrado, justo. Sou esta pessoa. Acreditem em minha pericia. Tenho 45 anos, vinte e três deles dedicados ao exercito, sou um sobrevivente de grandes habilidades e espero alavancar uma nova lei de convívio. É uma honra.



Saudações incomensuráveis, colegas.



Agente Vermelho



NOVO MUNDO



Não sabemos ao certo a periodicidade destes escritos. Queremos fazer o bem maior, deixando o máximo de pessoas informadas com uma visão ampla do que está acontecendo ao  planeta. Cuidem dos mensageiros. Eles têm três dias de descanso e sete dias de longo trajeto para ir e vir. Tenham fé.



Abraços confortantes



Senhor Vida.





EXPRESSO VIDA



Ano 01 / 12 de Novembro de 2014 / Edição numero 02





AMIGOS SOBREVIVENTES DO ABSURDO



Bravos senhores, senhoras e crianças. Nossa demora provocou grande ansiedade e preocupação entre vocês, tenho certeza. Novamente, noticias do fim do mundo chegam até suas mãos. Espero que estejam bem. As folhas que seguem, estão em parte queimadas, amarrotadas, amareladas, esburacadas e com considerações finais escritas em tecido. Estamos fazendo o possível, de todo o coração. Nossos mensageiros voltaram à base, sãos e salvos. Viva! Temos números confortantes para informar. Segundo uma contagem superficial, dentre todos os agrupamentos encontrados nas direções percorridas, somos quase novecentos ao todo. Médicos, engenheiros, advogados, escritores, donas de casa, comerciantes, autônomos, soldados, policiais, esportistas, crianças e segue uma lista imensa de funções diversas. Que grande alegria saber das crianças! Nosso futuro será vasto, meus caros. Temos uma região com um lago, vejam só que impressionante. A água é turva, mas consumível. Quem está em falta de mantimentos, deve seguir para o oeste, perto do meteoro em forma de bola. Creio que todos podem ver este intruso espacial, grande como uma montanha. É lá que sobreviventes se agruparam em torno do lago. A depressão da terra, certamente abriu algum veio subterrâneo para esta água abençoada. É um prazer narrar as boas novas.



Abraços confortantes



Senhor Vida







DEVANEIOS SOBRE A CATÁSTROFE



Choros e uivos guiaram meu caminho cego. Eram tantos os restos de corpos que tal visão não mais incomodava os olhos. E o cheiro pútrido não se podia evitar, era o menor dos problemas. O terremoto perdurou por quatro meses, sem maiores estragos do que os feitos pelas grandes montanhas que caíram do céu. Os dinossauros certamente passaram por algo semelhante. Estarrecido, passei por um sem fim de rochas negras. Toquei-as e rastejei por galerias geladas e amedrontadoras. Não compreendo o por que das formas geométricas perfeitas, aparentemente. Alguém que me lê, deve ter se deparado com o monólito em forma de pirâmide. De que canto da galáxia se desprendeu tal aberração? Nós que escrevemos neste dito jornal, estamos refugiados sobre uma destas rochas espaciais. Com a dissipação inesperada do pó, vemos com clareza, ao leste, uma formação de monólitos retangulares, cravados em diagonal por quilômetros a perder de vista. Existe uma lógica, um plano em tudo isso? Já não me preocupa a presença destas pedras. Preocupa-me mais a mancha escura pairando estática acima de nossas cabeças. Daqui do alto, ouvimos  um rugido. Trovões? Chuva? Aguardemos.



Santo Geraldo



A SAÚDE É O CAMINHO



Conselhos importantes de um médico



Queridos, muitas questões retornaram com os mensageiros. Em especial, chamou-me a atenção o caso da senhora Jussara da comunidade autoproclamada Coração de Deus, no extremo sul. Pela descrição do Mensageiro 07, a senhora apresenta sintomatologia de uma infecção bacteriana, talvez. Entenda, é difícil um diagnóstico à distância, mas, no “apocalipse”, ele é necessário. Conte-me sobre a evolução da enfermidade através do mensageiro.



Vamos falar da filtragem de ar. Como previ, muitos estão com complicações respiratórias. Ardência ao respirar é um sintoma preocupante. Se não podem se locomover do local, utilizem panos úmidos no ambiente. Costurem lençóis velhos e os usem como cortina. Sei que a água fará falta, mas com o uso ponderado, todos usufruirão da boa saúde até que as coisas melhorem. A qualidade do ar está melhorando, vemos os primeiros raios solares atravessando as nuvens. Esperança, meu povo. Há uma chance de vegetação, pelo menos é o que podemos ver daqui do alto.



Doutor Marcus Genoveva Siqueira



OREMOS



A fé em Deus é fruto colhido nesta jornada de provação. Lembre-se de Deus, não importa qual for a sua religião. Não deixe a blasfêmia do diabo subjugar teu coração.



“Direi do Senhor: Ele é o meu refúgio e a minha fortaleza, o meu Deus, em quem confio. Salmo 91-2”



Ana Maria Rosa





HUMOR É VIDA



Até no fim, vale um sorriso



Por que os peixes comem muito?

Porque eles estão sempre com água na boca!



Ai, ai. Estou louco pra conhecer este lago do qual os mensageiros andam falando. Quem imaginaria que o fim do mundo ia combinar com pescaria?



Beijos, lindinhos.



Osmar Telada





UM GOVERNO, UMA NAÇÃO



Respeito é uma atitude do humano consciente. Espero ganhar o seu, meu caro sobrevivente e amigo. Estamos trabalhando na reconstrução do nosso mundo. O pesadelo está a quilômetros de distância. Tocamos a vida, preparados para um novo ataque. Não podemos fugir de uma pedra que cai do céu, mas podemos lutar contra quem jogou essa pedra. Força! Somos a resistência. O grito maior será o nosso. Comigo na força fronteiriça. Olhem os céus, aquela mancha é o inimigo.



Agente Vermelho





NOVO MUNDO



Esperamos mais relatos de vocês sobreviventes, para rechear a próxima edição.



Abraços confortantes



Senhor Vida



EXPRESSO VIDA



Ano 01 / 05 de Março de 2015 / Edição numero 03





AMIGOS SOBREVIVENTES DO ABSURDO



Estou impressionado com as reclamações a respeito de nossos esforços. Tenho que discordar das opiniões dos desgostosos. Criticas sobre a inutilidade das matérias? Acham que é fácil escrever sobre intenso temor, engolfando as lembranças dos familiares mortos e ainda buscando a própria sobrevivência? Não discutirei sobre as mensagens recebidas. Somente respondo que as utilizações de um rádio, como bem indagaram, não está nos planos e nem nas possibilidades precárias. A voz é efêmera, a escrita eterna. Destaco, pois, o milagre que é saber que temos ainda vegetação nos quatro pontos cardeais. E ainda, agradeço o envio dos tubérculos. Viva! Que a vegetação se torne...



Uma doença contagiosa.



Senhor Vida



DEVANEIOS SOBRE A CATÁSTROFE



Antes das coisas melhorarem, elas certamente vão piorar. A mancha, a sombra que estava engolfada nas nuvens espessas, desceu e mostrou a face repugnante, como podem observar. Estamos diante de uma invasão alienígena? Proteja-nos bom Deus. Uma serpente com nervos desceu entre os monólitos. Sua extensão e largura parecem inconcebíveis. O rugido aumenta no ar. Me recuso a dizer com o que se parece de verdade esta aberração. Estamos apreensivos, pois as rochas geométricas abriram comportas! Delas saem grandes maquinas com canos apontados para o alto. Não vemos o que, ou quem, as pilota. Eu tenho medo!



Espalhou-se.



Santo Geraldo



A SAÚDE É O CAMINHO



Conselhos importantes de um médico



Abram os olhos! Seja lá o que for, está nos destruindo. Os mensageiros bem sabem. Questionem o raciocínio deles. Faleceu a senhora Jussara.



Matem-no.



Doutor Marcus Genoveva Siqueira





UM GOVERNO, UMA NAÇÃO



Parto para a batalha. Agora sabemos que existem criaturas no interior das rochas. As cidades dizimadas são receptáculos da ameaça. Junto de voluntários do leste, averiguarei o que são de fato. Confie em mim cidadão, seu líder.



O vetor do vírus



Agente Vermelho





HUMOR É VIDA



Até no fim, vale um sorriso



Eles me proibiram de fazer piada com a nossa situação. Mas, oras, o melhor é rir da própria desgraça. Ainda há muito por vir. Tanto faz, paspalhos!



O Mensageiro



Osmar Telada



NOVO MUNDO



As entrelinhas do destino, meus amigos. São elas fundamentais! O ataque vem das ameaças externas e, as vezes, dos compatriotas, infelizmente tombados. É desesperador!



Numero 07



Senhor Vida